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quinta-feira, 7 de março de 2013

HISTÓRIA

CARNAÚBA DOS DANTAS - RN

- O CAPITÃO DE MILÍCIAS CAETANO DANTAS CORREIA -
Dom José de Adelino Dantas

      No ano de 1752, localizava-se com fazendas de gado no riacho de Carnaúba, no Seridó, o solteirão Caetano Dantas Correia, vindo do sertão de Piranhas, onde já era abastado proprietário. Contava o sertanejo, na ocasião, quarenta e dois anos de vida. Chegando ao Seridó, Caetano tornou-se inimigo de um português ali estabelecido muitos anos antes, Tomaz de Araújo Pereira, morador na sua fazenda São Pedro dos Picos de Baixo, localizada à margem do rio Acauã. Tal inimizade derivou de uma questão de terras ocorrida entre os dois vizinhos.

     A fazenda da Rajada, então adquirida por Caetano Dantas, não contava com “benfeitoria alguma”, o que levou Caetano a localizar sua moradia no interior de uma furna existente no alto da serra da Rajada. Tal furna é bem visível para os viajantes que, nos dias atuais, demandam da cidade do Acari em busca da vizinha cidade de Parelhas.     Apesar do incômodo representado pela dificultosa escalada da serra, tal local apresentava muitas vantagens para a sobrevivência do seu morador. Inclusive, ali brotavam alguns olhos d’água puríssima.

     À distância de umas quinhentas braças, estendia-se o alvo lençol das areias úmidas do riacho Carnaúba, em cujas margens vicejavam milhares de palmeiras que deram origem ao nome do curso d’água.

     Além dos seus vaqueiros, dedicados às lides da pecuária, Caetano mantinha a seu serviço um escravo de confiança, cujo nome a tradição não guardou, o qual lhe servia de cozinheiro.

     Um dos pratos consumidos por Caetano era a nossa tradicional coalhada de leite, alimento essencial à boa mesa sertaneja. Mas, havia um pequeno pormenor: Caetano só consumia aquele produto lácteo, se o mesmo apresentasse uma espessa camada de nata...

     Certo dia, o fiel escravo serviu ao patrão um prato de coalhada, da qual fôra removida toda a nata formada, utilizada, talvez, no tempero de outras iguarias.

Indignado com a ocorrência, Caetano quebrou o prato, cheio de coalhada, na dura cabeça do negro, incriminando-o por contrariar as suas recomendações!...

     - Patrão, vosmicê está precisando é de se casar, pra ter uma mulher que lhe faça os gostos!... Desculpou-se humildemente o cozinheiro.

     - Como poderei me casar nesta terra, se as únicas moças casadouras são filhas de Tomaz de Araújo, meu inimigo?

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Do livro: “O CORONEL DE MILÍCIAS CAETANO DANTAS CORREIA, de autoria de Dom JOSÉ ADELINO DANTAS - RN, 1977.

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