Pesquisa: Bira Viegas
João
Maria Cavalcanti de Brito nasceu na data de 23 de junho de 1848, na fazenda
Logradouro do Barro, em Jardim de Piranhas, à época pertencente ao município de
Caicó – RN.
O futuro padre João
Maria era o mais velho dos filhos de Amaro Cavalcanti Soares de Brito e
Ana de Barros Cavalcanti. Os outros filhos do casal foram: Militana Cavalcanti
de Brito, Ana Cavalcanti, Josefina Cavalcanti e Amaro Cavalcanti que tempos
depois se tornou um dos maiores juristas do estado do Rio Grande do Norte,
chegando a ocupar o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal.
Foi batizado
na mesma casa onde nasceu, pelo Vigário Paroquial, padre Domingos Pereira de
Oliveira sendo seus padrinhos o Capitão Antonio de Barros Cavalcanti e
Feliciana Francisca Cavalcanti.
Aprendeu a ler
e escrever com o próprio genitor, e aos treze anos seguiu, a cavalo, na companhia
do seu pai e de um amigo, até o Seminário de Olinda (PE), onde iniciou os seus
estudos sacerdotais.
No início do
ano de l871, se transfere para o Seminário da Prainha, em Fortaleza (CE), onde
conclui Teologia. No dia 19 de novembro do mesmo ano é ordenado subdiácono; no
dia 19 se torna diácono e finalmente no dia 30, é ordenado padre.
Após as
festividades de sua ordenação, padre João Maria deixa a cidade de Fortaleza com
destino à Caicó, aonde chega às primeiras horas do dia 10.
Em Caicó ficou
como auxiliar do Vigário, mas residindo em Jardim de Piranhas. Posteriormente
foi indicado para a Freguesia de Flores, hoje, Florânia, deixando esse
município seridoense após ser nomeado Vigário de Santa Luzia do Sabugi, na
Paraíba, onde permanece até o ano de 1879, quando foi transferido para a
Freguesia de Papari, hoje, Nísia Floresta (RN).
Na Freguesia
de Papari permanece por pouco tempo, já que por solicitação do padre José
Hermínio, Vigário da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, em Natal, e
acato do Bispo de Olinda, Dom Vital, consegue uma permuta entre as duas paróquias.
Sua posse na
Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação ocorre no dia 7 de agosto de 1881.
Desde criança,
João
Maria sempre demonstrou um enorme sentimento de piedade e compaixão
pelos seus semelhantes, em especial, os mais pobres e os mais necessitados.
Não se
apegando aos bens materiais distribuía tudo o que chegava às suas mãos.
Desprendimento,
caridade e amor ao próximo foram marcas permanentes de sua personalidade.
Padre
João Maria tinha uma atenção especial aos enfermos, não medindo
distância para visita-los, levando o necessário medicamento e o apoio
espiritual.
Andava
quilômetros e quilômetros a pé, ou montado sobre um jumento, distribuindo entre
os pobres, pequenas quantias de dinheiro, alimentos e roupas.
Várias vezes
dormiu no chão, pois até a sua rede havia sido doada - por ele próprio - a uma pessoa
necessitada.
Outros
exemplos de sua extrema bondade estão contados no livro “Esboço Biográfico do Padre João Maria”, de autoria do padre Eymard L’Eraistre Monteiro (Nordeste
Gráfica – Natal – RN, setembro de 1979) que às páginas 63 e 64 relata:
“Seu
irmão, Amaro Cavalcanti mandava-lhe do Rio de Janeiro uma pensão para ajuda-lo
a viver. Este dinheiro – duzentos mil réis por mês – que ele recebia na
Delegacia Fiscal, era quase todo distribuído com os pobres.
É que para o Pe. João Maria não havia mesmo
jeito. Ele não podia pegar em nada que não desse logo aos que precisavam de
alguma coisa – mesmo que isso lhe fizesse falta.
Certa vez, recebeu do irmão um corte de
merinó para mandar fazer uma batina. Uma senhora muito conhecida na cidade veio
dizer-lhe que não podia comprar um vestido para a Semana Santa. Chamava-se ela
Sinhá Delfina. Morreu há pouco tempo. E foi ela que relatou o episódio.
Imediatamente o santo entregou-lhe o corte de merinó que o irmão lhe mandara,
dizendo-lhe:
- Pois aproveite isto e faça seu vestido!
Foi assim que Sinhá Delfina pôde comparecer
aos atos da Semana Santa de vestido novo em folha!Quando o povo da cidade soube disso, alguém
reclamou ao Vigário que ele não devia ter dado a fazenda, pois ele mesmo estava
precisando de uma batina nova.
Foi então que o Coronel Juvino Barreto,
vendo-o de batina surrada, resolveu dar-lhe uma já feita, confeccionada sob
medida.
Quando a batina chegou-lhe às mãos, não
durou uma semana.
O santo Vigário deu-a a outra velhinha, para
que a aproveitasse num vestido.”.
Vivendo em
função do bem estar dos seus semelhantes, Padre João Maria se esquecia de si,
chegando ao ponto de doar o próprio alimento. O resultado disso foi que aos
poucos seu organismo atingiu a exaustão.
Após uma
consulta com o afamado médico da época, Doutor Antunes, foi diagnosticada uma
diabetes em avançado estado.
Acatando uma
recomendação de intenso repouso e evitar esforços e emoções, feita pelo Doutor
Antunes, Padre João Maria passa a residir em um sítio onde existia uma
casa com vista para o mar, no Alto do Belo Monte (hoje Alto do Juruá), no
bairro de Petrópolis, em Natal de propriedade da senhora Aline Brandão.
Entretanto, para
aflição de Militana (sua irmã que sempre o acompanhou), e do doutor Antunes que
diariamente visitava o paciente, o lugar que deveria ser um recanto de descanso,
rapidamente se tornou local de romaria com a população querendo visitar e
desejar melhoras ao amado sacerdote.
Padre João Maria notava do seu quarto a
movimentação em torno da residência e pedia a sua irmã que deixassem o povo
entrar e vê-lo.
Ás oito horas
do dia 16 de outubro de 1905, após receber a Extrema Unção das mãos do Pe.
Calazans Pinheiro, Padre João Maria morre calmamente cantando o hino sacro
“Tota pulchra es Maria”, hino de louvor à Virgem Maria.
Foi sepultado
no mesmo dia, cemitério do Alecrim, em Natal.
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No dia 7 de
agosto de 1979, por iniciativa do Monsenhor Eymar L’Eraistre Monteiro os restos
mortais do Padre João Maria foram transladados do local onde o mesmo foi
sepultado para um nicho especial, na igreja de Nossa Senhora de Lourdes,
construída pelo próprio Monsenhor Eymar, no mesmo local (Alto do Juruá, em
Petrópolis) onde o 'Santo Padre'
faleceu.
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