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domingo, 7 de setembro de 2014

POESIA POPULAR NORDESTINA

SEXTILHAS DIVERSAS
Pinto do Monteiro  (*)

- - - - -
Eu comparo esta vida
à curva da letra S:
tem uma ponta que sobe
tem outra ponta que desce
e a volta que dá no meio
nem todo mundo conhece
- - - - -
Esta palavra saudade
conheço desde criança
saudade de amor ausente
não é saudade (é lembrança)
saudade só é saudade
quando morre a esperança
- - - - -
Aonde eu chego, não vi
Mal que não desapareça
Raposa que não se esconda
Bravo que não me obedeça
Letrado que não me escute
Cantor que não endoideça
- - - - -
Cantar com quem canta pouco
é viajar numa pista
com um carro faltando freios
o chofer faltando a vista
e um doido gritando dentro
atola o pé motorista
- - - - -
Minha corda não se estica
não se tora nem se enverga
da terra pro firmamento
meu pensamento se alberga
em um lugar tão distante
que lente nenhuma enxerga
- - - - -
Eu vou fazer uma casa
na Serra da Carnaíba
a frente pra Pernambuco
as costas pra Paraíba
só pra não ver duas coisas:
Nem Sumé, nem João Furiba
- - - - -
Se quiser ganhar dinheiro
Quando chegar em Sumé
Vista uma saia apertada
Bote uma sandália no pé
Mele a cara de batom
E se dane pro cabaré.
- - - - -
Há vários dias que ando,
Com o satanás na corcunda:
Pois, hoje, almocei na casa
Duma negra tão imunda,
Que a prensa de espremer queijo
Era as bochechas da bunda!

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(*) Severino Lourenço da Silva Pinto

Um comentário:

Anônimo disse...

Espetacular!