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terça-feira, 21 de outubro de 2014

POESIA POPULAR NORDESTINA


RECEITA PRA MUIÉ FRIA
 Bob Motta

Um sujeito estava triste
e seu cumpade notô.
Dele se cumpadicendo,

p'ro sujeito assim falô:
Meu cumpade me arresponda,
cum sinceridade a mim.
Pelo qui eu lhe cunheço,
você num tá bem, tá rim.
Intão-se, meu veio amigo,
pode se abri cumigo,
pruquê tá tão triste assim?
- - - - -
Cumpade; e dá pra notá?
O causo é minha muié.
Num mexe, num vira os zóio,
acredite se quizé.
Quando vai fazê amô,
     parece inté um robô,
fria qui nem picolé.
- - - - -
Oxente, isso é bronca besta;
vô lhe insiná um remédio,
mode ela fica no grau
e percurá seu assédio.
A receita é de premêra,
Juro, num é brincadêra,
você vai saí do tédio.
- - - - -
Mande ela tumá um banho,
Butá pó, se prefumá,
butá música no quarto,
cum pouca rôpa deitá.
Iscuricê o ambiente,
qui você veja somente,
sua sombra a lhe chamá.
- - - - -
Você também tome o seu,
caprichado pur intêro.
Passe bucha, faça a baiba,
saia nôvim do banhêro.
Chegue pra ela chaimôso,
bonito, limpo e cherôso,
qui nem fio de barbêro.
- - - - -
Quando você se achegá,
cum carinho acenda o facho.
Beje ela no pescôço.
acoche ela num abraço,
adispôi vá murdiscando,
tirando a rôpa e bejando,
da cabeça inté in baxo.
- - - - -
Qui é isso, meu cumpade?
Seio qui tenho qui í à luta;
mais resguardando os limite,
zelando pela cunduta.
Se assim tu tá me ensinando,
meu cumpade tá pensando,
qui minha muié é puta?
- - - - -
Não, cumpade; só amostrei,
o qui a solução indica.
Mode ela ficá no ponto,
seu cumpade deu a dica.
Se assim você procedê,
puta ela pode nem sê,
mais garanto qui ela fica..
 
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