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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

BRASIL: GUERRA DE DISCURSOS

Clubes militares divulgam lista de 'vítimas do terror'


Em retaliação à divulgação de 377 nomes de pessoas responsabilizadas por violações de direitos humanos durante a ditadura militar, os clubes Naval, Militar e Aeronáutica publicam nos jornais desta quinta-feira anúncio com a lista de "126 brasileiros que perderam suas vidas pelo irracionalismo do terror, nas décadas de 1960 e 1970."
 
Com o título de "In Memoriam", o texto afirma que as histórias daquelas vítimas "foram desprezadas pela Comissão Nacional da Verdade". O comunicado considera "um desrespeito às suas memórias e aos seus familiares. Roga-se uma prece por suas almas". Na lista estão militares mortos em confronto com os guerrilheiros ou executados, assim como civis vítimas de balas perdidas durante assaltos a banco ou atentados a bomba. Algumas histórias dessas vítimas podem ser conhecidas num site criado pelos militares que atuaram na repressão política. É o outro lado da história.
 
Esse tipo de reação repete a iniciativa de publicação do livro "Brasil Sempre", do cabo Marco Pollo Giordani, que saiu dos porões em 1986, em resposta ao livro "Brasil Nunca Mais", baseado no projeto do mesmo nome, que produziu o primeiro documento brasileiro com as denúncias de tortura ocorridas no regime militar. Essas denúncias vieram à torna a partir de 707 processos do Superior Tribunal Militar.
 
Há necessidade de um esclarecimento para quem não conhece o fio da meada dessa história. Embora existam casos como o do delegado Octávio Gonçalves Moreira Júnior, e o do empresário Henning Boilensen -- que foram executados em ações planejadas, como vingança por seu envolvimento com o aparelho de repressão -- e o do tenente Alberto Mendes Júnior -- que foi morto a coronhadas depois de capturado -- nessa lista não há uma vítima sequer que tenha sido sequestrada, torturada, morta e seu corpo desaparecido. Todos tiveram direito a um enterro digno, muitos deles com honras militares. Como se espera num país civilizado e que respeita as leis.
 

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