Clubes militares divulgam lista de 'vítimas do terror'
Em retaliação à divulgação de 377 nomes de pessoas responsabilizadas por
violações de direitos humanos durante a ditadura militar, os clubes Naval,
Militar e Aeronáutica publicam nos jornais desta quinta-feira anúncio com a
lista de "126 brasileiros que perderam suas vidas pelo irracionalismo do terror,
nas décadas de 1960 e 1970."
Com o título de "In Memoriam", o texto afirma que as histórias daquelas
vítimas "foram desprezadas pela Comissão Nacional da Verdade". O comunicado
considera "um desrespeito às suas memórias e aos seus familiares. Roga-se uma
prece por suas almas". Na lista estão militares mortos em confronto com os
guerrilheiros ou executados, assim como civis vítimas de balas perdidas durante
assaltos a banco ou atentados a bomba. Algumas histórias dessas vítimas podem
ser conhecidas num site criado pelos militares que atuaram na repressão
política. É o outro lado da história.
Esse tipo de reação repete a iniciativa de publicação do livro "Brasil
Sempre", do cabo Marco Pollo Giordani, que saiu dos porões em 1986, em resposta
ao livro "Brasil Nunca Mais", baseado no projeto do mesmo nome, que produziu o
primeiro documento brasileiro com as denúncias de tortura ocorridas no regime
militar. Essas denúncias vieram à torna a partir de 707 processos do Superior
Tribunal Militar.
Há necessidade de um esclarecimento para quem não conhece o fio da meada
dessa história. Embora existam casos como o do delegado Octávio Gonçalves
Moreira Júnior, e o do empresário Henning Boilensen -- que foram executados em
ações planejadas, como vingança por seu envolvimento com o aparelho de repressão
-- e o do tenente Alberto Mendes Júnior -- que foi morto a coronhadas depois de
capturado -- nessa lista não há uma vítima sequer que tenha sido sequestrada,
torturada, morta e seu corpo desaparecido. Todos tiveram direito a um enterro
digno, muitos deles com honras militares. Como se espera num país civilizado e
que respeita as leis.
Do: Blog Alsemo.com
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