FALTA PRIVATIZAR AS FORÇAS ARMADAS
Fica difícil informar quando começou a privatização das
penitenciárias. Possivelmente no governo Fernando Henrique Cardoso,
ainda que tudo viesse cercado de sigilo. A iniciativa não contava com a
simpatia da opinião pública, sempre cheirou a perigo, para não falar de
corrupção. Assim o sociólogo recomendou silêncio, seguido pelo Lula e
Dilma. Agora, a bomba estourou nas mãos de Temer, ainda que contra a sua
vontade.
Isso porque a operação cheira mal desde o início. Grupos econômicos
empenhados em faturar o máximo e oferecer o mínimo tem lucrado centenas
de milhões. Por certo que separando vultosos percentuais nos períodos
eleitorais, financiando mais de um candidato a governador nos Estados de
onde tiram quantias milionárias. Até os meios de comunicação omitiram a
lambança, só agora forçados pela natureza das coisas a expor as
operações celeradas.
Trata-se de uma das maiores distorções do capitalismo. Ganhar
dinheiro com a desgraça alheia, no caso das prisões, só perde para a
prática de certos laboratórios farmacêuticos que carregam no preço dos
remédios. Mesmo assim, os resultados se equivalem. A privatização das
cadeias determinou o crescimento das quadrilhas envolvidas com o tráfico
de drogas, além da transformação dos presos em animais. Também os
remédios em alta permanente de preços terão levado muitos cidadãos à
morte prematura por impossibilidade de adquiri-los.
Nos Estados Unidos, essa moda está em extinção, ainda mais porque o
criminoso rico transforma sua cela em hotel de luxo, mediante pagamento
extra às empresas encarregadas de administrar o conjunto. Aliás, aqui
também, porque os chefes dos diversos grupos que vivem do tráfico
oferecem churrascos, feijoadas e bailes de arromba a seus protegidos, em
alas privilegiadas das prisões.
Seria o caso de o poder público cancelar todas as privatizações e
terceirizações, ainda que depois dos recentes massacres seus dirigentes
tenham começado a reagir, alegando que os governos não tem recursos para
sustentar as prisões estatais. Só que é mentira, pois os Estados
destinam horrores para a privataria tornar-se a verdadeira controladora
das penitenciárias.
Em suma, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Caberia ao
Congresso antecipar-se ao jamais concretizado Plano Nacional de
Segurança. Proibir o ingresso da iniciativa privada na gestão dos
estabelecimentos penais e ainda investigar o roubo nos contratos
celebrados no país inteiro, para as devidas punições e o ressarcimento.
Publicado no Diário do Poder
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