A LUTA CONTINUA!

biraviegas@bol.com.br

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

CAUSO

- A CAMINHO DO ACRE -
Sandovaldo Gonçalves de Moura (*)

Um ano depois de ser aprovado no concurso do IBAMA e após dois milhões de acessos à internet, fiquei sabendo, por um amigo, que seria, finalmente, chamado. Empolgado, liguei para Brasília e soube que ficaria em Palmas/TO. Imediatamente, liguei para a rodoviária da minha cidade, Teresina/PI, e perguntei quanto custava a passagem para lá. Soube que eram R$ 105,00 e que a viagem durava cerca de 18 horas. Pensei: puxa, estou encrencado! Toda vez que visitar Teresina vou gastar R$ 210, fora o tempão da viagem.
Como dizemos aqui no Piauí: pense num cabra liso!
Pouco tempo mais tarde o IBAMA divulgou a lista com os locais para onde iríamos e, para minha surpresa, constava na minha lotação Rio Branco/AC. Depois de olhar espantado para o mapa, liguei novamente para a rodoviária e a mesma moça disse:
- Temos um ônibus uma vez por semana e demora vários dias até lá, quando chega. Moço, vou ser sincera; É melhor o senhor ir de avião.
Mais espantado ainda, liguei para o aeroporto e soube que tinha um voo com o seguinte itinerário: Teresina, Brasília, São Luis, Belém, Manaus, Porto Velho e, finalmente, Rio Branco. Sim, o preço, R$ 1.135,00. Pensei: puxa como Palmas era perto, fora que o preço era uma pechincha.
E lá vou eu, graças ao preço da passagem, deixando não só saudades, mas algumas dívidas com os bons e velhos amigos. Depois de muito sobe e desce naquela que era minha primeira viagem de avião, ouço um barulhão na aterrissagem em Porto Velho e fiquei impressionado com a pancada, mas achei que fosse normal. Afinal de contas, aquele treco era enorme. Porém, depois de algum tempo, o comandante informou que devido a problemas no trem de pouso, não poderíamos seguir viagem e que todos iriam para um hotel aguardar o voo do dia seguinte. Rapaz, e eu que já ia batendo as botas no primeiro voo, emprego, etc.
No hotel conheci o pessoal do voo e uma senhora que, ao saber que eu ia para Rio Branco trabalhar no IBAMA, deu aquela força que faltava:
- Vixe! Tu vais substituir o funcionário que morreu na queda do helicóptero?

Tratei de veementemente dizer que não. Depois, eu soube que realmente havia caído um helicóptero, mas que ninguém morrera.
Bem, as surpresas não foram apenas na viagem, mas aí são outras histórias.

- - - = - - -

(*) Sandovaldo Gonçalves de Moura é servidor do IBAMA.
Do livro: ACONTECIDO! CAUSOS E HISTÓRIAS DOS SERVIDORES DO IBAMA - Editado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Brasília (DF), ano de 2009.

Nenhum comentário: