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domingo, 17 de junho de 2018

POESIA POPULAR NORDESTINA

'Retalhos' de alguns improvisos do grande poeta popular Pinto do Monteiro em cantorias com o poeta João Furiba.

Resposta do velho Pinto a uma crítica  desrespeitosa a cidade de Monteiro, feita por Furiba:
Eu conheço muito bem
A sua Taquaritinga
Em cima fica uma serra
Em baixo uma caatinga
Na parte alta não chove
No pé da serra não pinga.

Ao final de uma sextilha, Furiba elogia sua terra natal, dizendo:"Tudo que se planta dá/ Na minha terra adorada". Responde Pinto:
 Tua terra miserável
Só tem cupim e saúva
Teu pai morreu com cem anos
Tua mãe ficou viúva
Passou dos cento e quarenta
E nunca viu uma chuva.

Terminado uma cantoria Furiba diz: "Pinto velho do Monteiro/ Além de doido está cego". Pinto dispara:
Ainda lhe vejo cego
Sem ganhar nenhum vintém
Pedindo esmola num beco
Onde não passe ninguém
Se passar, seja outro cego
Pedindo esmola também.

Cansado das pabulagens de Furiba que afirmava: "Deixe pra mim que só tenho/ Dezoito anos de idade", Pinto detona:
Isso aí não é verdade
Você quer ser inocente
Tem vinte anos que canta
Quinze que bebe aguardente
Trinta que engana o povo
Quarenta e cinco que mente.

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