- PREGO BATIDO, PONTA VIRADA -
Orlando Caboré
O preto Maximino Joaquim era um homem de muita fibra, trabalhador, poeta e repentista. Posseiro de vazante no Itans (Caicó-RN), perde esse direito com a chegada de um novo chefe do Dnocs no município. Birrento, garantiu denunciar o fato ao Presidente e recuperar sua gleba. O homem não fez caso. Maximino mandou-se em um pau-de-arara à capital da República. Não só conseguiu falar com Getúlio Vargas como trouxe uma ordem expressa para que lhe devolvessem o lote. Semanas e semanas depois, ele volta com o 'decreto do homem' e esfrega na cara do poderoso chefão. Ele lê, resmunga, Maximino o cutuca:
- E agora, seu dotô? Vai desobedecer o Homem?
Bufando de raiva, o cara de jaca devolve o pedaço de chão a Maximino.
Anos mais tarde, já velho, vira jardineiro da praça do Rosário. A cada regada de planta, uma talagada de aguardente. E seu veio poético vinha à tona: 'Meu nome é Maximino Joaquim, tenho um lado bom, o outro ruim!'
Não para por aí. Certo dia, aparecem uns pinguços pedindo uma nica para a compra de uma garrafa de zinebra gato. O velho goza a trinca:
A galinha quando é gorda
Se conhece pela inchunda
Carro de boi bem carregado
A boiada faz corcunda.
Se querem 50 mil réis
Vão arranjar com suas bundas!
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Do livro: BERADEIROS, HERÓIS E PAPANGUS de autoria do jornalista Orlando Rangel Rodrigues (Orlando Caboré). Edição do autor. Julho de 2005.
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