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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

HISTÓRIA DO ESTADO DO RN


- A REVOLTA DO QUEBRA QUILOS NA VILLA DO ACARY (RN) -
Cícero José de Araújo Silva

A revolta ou sedição do Quebra Quilos foi um movimento de conotação popular que aconteceu nas Províncias do norte, atual região Nordeste na segunda metade do seculo XIX.
Na Província do Rio Grande do Norte vilas inteira revoltaram-se contra a implantação de um novo sistema métrico, saqueando feiras e destruindo pesos e medidas do comércio.
Os pesos e medidas eram alugados ou comprados à Câmara Municipal, que cobrava ainda por sua aferição. Um dos impostos que provocaram a ira dos revoltosos foi o chamado “imposto do chão”, cobrado àqueles que expunham suas mercadorias no chão da feira.(MACEDO, 1998)
Das 13 vilas que estiveram envolvidas no levante do quebra quilos 5 eram do seridó: Acary, Príncipe (Caicó), Flores (Florania) Jardim (Jardim do Seridó) e Currais Novos. A população estava insatisfeita com os novos impostos sobre as mercadorias e sobretudo com o recrutamento obrigatório para a Guerra do Paraguay. (MACEDO, 1998)
No Acary os principais líderes do movimento foram Manoel Bezerra de Araújo Galvão, (falecido em 1922), Joaquim José de Carvalho Pinto e Benjamin Manuel de Figueiredo Cavalcanti. Juntaram-se a revolta comerciantes, elementos da camada proprietária, pequenos agricultores que vendiam sua produção semanalmente na feira e consumidores atingidos com a elevação de preços dos produtos.
Tudo começou em uma manhã de domingo de Julho de 1873. Os sediciosos caminharam em número considerável até a feira e o Mercado Público de Acary. Uma discussão acalorada se deu, terminando em uma pequena luta corporal entre os participantes da revolta e a pequena força policial composta por três soldados que se encontrava na feira. Sem ter como fazer frente a situação os agentes da força pública bateram em retirada após um dos soldados sofrer uma tremenda cassetada na cabeça. Solicitaram reforços, mas não conseguiram impedir que vários pesos e medidas fossem tomados e lançados no Rio Acauã.
Sob a tutela de Manoel Bezerra de Araujo Galvão os revoltosos do Quebra-Quilos organizaram o próximo passo, invadir a Câmara Municipal e colocar fogo no arquivo, afim de dar cabo as leis que estabeleciam os novos pesos e medidas. Porém de alguma forma o Coletor geral de imposto do Acary, Joaquim Teotônio Pereira de Araújo soube de tais planos e no silêncio madrugada, com a ajuda de seu escrivão Manoel Dantas transferiu vários documentos da Câmara Municipal para sua própria residência. Sem saber de tal ocorrido, no raiar do dia, os sediciosos foram até as dependências da Câmara Municipal da Villa do Acary e adentraram no recinto. Insatisfeitos por não encontrarem as leis “maléficas” que desejavam dar fim, rasgaram documentos e livros, e depois tomaram o rumo da feira. O Objetivo lá era impedir que o cobrador de impostos recolhesse o injusto e caro “imposto de chão”.
Sabendo disso o comandante policial do Acary o tenente Joaquim do Rêgo Barros mandou para a feira um destacamento. O encontro entre a policia e o séquito liderado por Manoel Bezerra de Araujo Galvão foi inevitável. Os ânimos se exaltaram tudo caminhava para um combate corpo a corpo entre a força policial e os partidários do Quebra Quilos. Foi então que Manoel Maria Dantas e Joaquim Paulino de Medeiros (Quincó da Ramada) interviram e apaziguaram evitando que o conflito chegasse as vias de fato.
O documento que nos possibilitou essa viagem de quase cento e cinquenta anos se encerra aqui nesse ponto. As paginas ilegíveis corroídas pelas traças e pelo impiedoso tempo não me permitem​ continuar essa crônica histórica sobre esse fato no Acary antigo. Entretanto foi possível ficar durante quase uma semana no ano de 1873, passeando pelas asseadas ruas e visualizando mentalmente como se deu A Revolta do Quebra Quilos na Villa do Acary.
REFERENCIAS E FONTES
MACÊDO, M. K. de (1998). Revoltas populares na Província do Rio Grande: o “Quebra-Quilos” e o “Motim das Mulheres”. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web:
Diário de Natal (1870-1879)

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