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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

POESIA POPULAR

INGANO DA PESTE
Zepraxédi *

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Seu moço, mecê já viu
carnavá im Pernambuco?
O povo perde o juízo...
a gente fica maluco!

Pru astuça do capeta...
Pru mandinga ou coisa feita,
fui praquela capitá.
Patrãozin, num nego não,
brinquei tombém canavá!

Úns'a cabôca, quase nua,
arrequebrando na rua,
butando oriza na gente.
Qui Deus me vala, patrão,
eu nascí num crima quente!

Tumando duas chamadas,
duma agordente afamada,
eu me joguei na frevança!
Agarrei uma morena
e saímo no carçamento
cúm'a farta de acanhamento
qui o povo chama de dança.

Cum seu perdão, patrãozin,
porém nós dois unidin
fiz essa manginação.
Só tarvez pru tê tumado
duas chamada de cana:
vô levá essa praciana...
pras terra do meu Sertão!

E o Só  már satisfeito
cum a farta de arrespeito
qui tava havendo na rua,
no instante acabô o dia.
A não sê quele s'afoite,
a vortá, durante a noite,
fantasiado de Lua!

Apaixonado eu já tava!
Arrisquei duas palavra
no ouvido da cabôquinha:
- cabôca, se sois sôrtea,
me abraça, me dá um bêjo!
Credita no sertanejo
qui um dia tu será minha!

Ah! Patrão,  quanta miséra!
Não vá jurgá már de mim,
pru malino não me tome!
Porém essa disgraçada
cum quem brinquei na fulia...
era muié de fantazia
me apáxonei pur um home!
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*José Praxedes Barreto (Zepraxédi), conhecido como o poeta-vaqueiro nasceu no dia 15 de novembro de 1916, na Fazenda Espinheiro, à época pertencente ao município de Currais Novos e hoje, ao município de Cerro-Corá - RN.
Faleceu no ano de 1983, no Rio de Janeiro.

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