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domingo, 15 de janeiro de 2012

CAICÓ SE PREPARA PARA O FUNERAL DO SEU EX-PREFEITO MANOEL TORRES


Desde que a notícia do falecimento do ex-prefeito Manoel Torres (93),  acontecido às 7hs. deste domingo (15),  foi divulgada pela imprensa que o município caicoense se prepara para prestar as devidas homenagens ao político e empresário que se tornou símbolo de   moralidade e honestidade, seja na sua vida particular, seja no trato da coisa pública.


O prefeito Bibi Costa, tão logo foi informado, decretou Luto Oficial por três dias.
Neste instante, o Salão Nobre da Prefeitura, está sendo preparado para acolhecer o corpo de "seu Manoel".
Diversas outras homenagens estão sendo preparadas pelos amigos e admiradores do falecido.
O sepultamente deverá acontecer acontecer no final da tarde  desta segunda-feira (16), no no mesmo jazigo onde se encontra os restos mortais da sua esposa, Oscarina Torres e um dos seus filho (Manoel 'Carossel'), no cemitério Campo Jorge em Caicó - RN.
Manoel Torres que faleceu em razão de complicações respiratórias, estava internado na Casa de Saúde São Lucas, em Natal,  desde o mês passado após sofrer uma queda que lhe fraturou o femur.

BIOGRAFIA

O empresário e político Manoel Torres de Araújo nasceu em Caicó em 1918, filho Paulino Batista Pereira Torres e Maria Marcolina de Oliveira Torres, membros de tradicional família seridoense.
Era viúvo de Oscarina de Oliveira Torres (falecida em 2008), sua companheira fiel e grande parceira de todas as lutas desde 1942, quando os dois se conheceram em Serra Caiada, nas andanças de Manoel no começo de sua vida empresarial.
O casal teve seis filhos: Ozelita, Lígia, Carlos Torres (Galileu), Manoel Torres Filho, Jussara e Marcos (falecido).
Manoel Torres começou a estudar e concluiu o primário em São Fernando.
Fez o curso complementar no Grupo Escolar Senador Guerra, em Caicó, considerado, à época, a faculdade da juventude caicoense.
Em 1938 foi morar em Natal para continuar os estudos, mas não concluiu sequer o ginasial como era seu desejo, em decorrência das condições econômicas do pai, um agropecuarista sacrificado que tinha mais nove filhos para criar: Iracema, Polion, José, Francisco, Sebastião, Francisca Jarina, Jandira, Iluminata e Maria.
Em 1941 começou o Curso Comercial, em Caicó, fundado por Monsenhor Walfredo Gurgel e pelo bancário Felipe Nery, primeiro gerente do Banco do Brasil em Caicó.
Novamente teve de interromper os estudos para assumir outras atividades.
No ano seguinte, Manoel Torres exerceu a sua primeira função pública ao assumir o cargo de Secretário-Tesoureiro da Prefeitura de Serra Negra do Norte, administrada por Descartes de Medeiros Mariz, irmão de Dinarte Mariz, ex-prefeito de Caicó, futuro senador e governador do Rio Grande do Norte.
Passou um ano no cargo.
Em 1943 foi novamente para Natal, a convite da empresa João Câmara & Irmãos, na época o maior parque industrial do Rio Grande do Norte no ramo de algodão, com sete usinas instaladas no interior.
Além de atuar no ramo, Manoel Torres pretendia continuar os seus estudos.
Não deu de novo: João Câmara, que posteriormente organizaria o PSD no interior do Rio Grande do Norte, aproveitou o talento do jovem caicoense para mandá-lo ao interior, supervisionar as usinas de algodão.
Em 1944, voltou a Caicó, a convite de Polion Torres, seu irmão mais velho.
Os dois constituíram uma sociedade para transportar mercadorias e vender estivas.
Os próximos 15 anos de sua vida se passaram em Caicó.
Em 1959, em sociedade com os irmãos e em parceria com a empresa Irmãos Santos, de Natal, fundaram a empresa Santorres Comércio S/A, para representar a Willys-Overland do Brasil como revendedores autorizados de jeeps, utilitários e peças para o interior do Rio Grande do Norte e sertão da Paraíba.
Encerrado o contrato com a Willys, a partir de 23 de setembro de 1970 a Santorres passou a representar a Mercedes Benz do Brasil, vendendo caminhões e peças e prestando assistência técnica.
Até hoje a empresa mantém suas atividades, com filial na cidade de Patos, Paraíba.
Quase que simultaneamente à instalação da Santorres, Manoel Torres, irmãos e outros amigos se associaram e fundaram a Algodoeira Seridó Comércio e Indústria S/A (ALSECOSA).
Foi uma das maiores empresas do ramo.
A ALSECOSA entrou forte no mercado de compra e beneficiamento de algodão, industrialização da semente e extração de óleo.
Manoel Torres ficou como diretor da empresa até 1986, quando a praga do bicudo dizimou a produção de algodão em todo Rio Grande do Norte.
 
POLÍTICA

Manoel Torres dedicou boa parte da sua vida à atividade política e desempenhou funções de grande relevância.
Nunca se ofereceu para exercer quaisquer cargos: sempre foi convocado à luta política, pela população e correligionários, apenas para contribuir para o desenvolvimento de sua terra Caicó.
Em 1945, ao lado dos irmãos, do Monsenhor Walfredo Gurgel, Coronel Joel Dantas, Plínio Saldanha e muitos outros, ajudou a fundar o antigo PSD (Partido Social Democrático), liderado pelo senador Georgino Avelino e por João Câmara.
participou de todas as grandes campanhas políticas do Rio Grande do Norte.
No começo com o Monsenhor Walfredo Gurgel, posteriormente com Aluízio Alves e mais recentemente com o deputado Henrique Eduardo e o senador e ministro Garibaldi Filho.
Em 1954, Manoel Torres foi convocado e disputou sua primeira eleição para deputado estadual.
Foi eleito e reeleito nas duas legislaturas seguintes.
Participou ativamente da Cruzada da Esperança, em 1960, apoiando a chapa Aluízio Alves/Monsenhor Walfredo Gurgel, governador e vice.
Em 1966, num gesto de desprendimento pessoal e político que sempre o caracterizou, Manoel Torres abdicou de sua terceira reeleição para dar lugar a José Josias Fernandes, que foi eleito deputado estadual.
Voltou a se dedicar integralmente às atividades empresariais, na ALSECOSA e na Santorres.
Em 1968, novamente convocado pelo seu partido, disputou a Prefeitura de Caicó pela primeira vez.
Perdeu por 72 votos para Francisco de Assis Medeiros, numa das campanhas mais acirradas e memoráveis da história local.
Em 1972, disputou novamente a Prefeitura de Caicó e venceu com 75 votos de maioria o seu adversário Vivaldo Costa, jovem médico recém-chegado à cidade.
De 1973 a 1976 exerceu o cargo de Prefeito de Caicó enfrentando uma oposição radical à sua administração.
O seu mandato foi marcado pela austeridade nos gastos públicos e pela realização de obras significativas, como a Rodoviária Manoel de Neném e a implantação do calçamento em dezenas de ruas da cidade.
Depois que entregou a Prefeitura ao seu sucessor Dadá Costa, Manoel Torres voltou às atividades empresariais em 1978.
Quatro anos depois, novamente convocado pelas bases, Manoel torres disputou seu quarto mandato de deputado estadual e foi eleito para representar Caicó e o Seridó na Assembléia Legislativa.
Não foi candidato à reeleição em 1986, mas voltou à luta política em 1988 na disputa pela Prefeitura de Caicó, tendo como companheiro de chapa o médico Álvaro Dias.
O povo lhe deu o segundo mandato de Prefeito de Caicó.
De 1993 a 1996 voltou à lida empresarial.
Em 1996, disputou seu último mandato eletivo como candidato a Prefeito de Caicó.
Perdeu a eleição para o seu mais tradicional adversário Vivaldo Costa, hoje deputado estadual.
Em 1998 formou, como primeiro suplente, a chapa encabeçada pelo ex-governador Geraldo Melo para o senado da República.
Geraldo foi eleito, mas Manoel Torres não chegou a assumir o mandato em nenhuma ocasião.
Em 2000, num gesto de extremo desprendimento político – considerando-se a sua rica e vitoriosa trajetória política e a sua liderança pessoal – Manoel Torres foi convocado para ser o candidato a vice-prefeito de Caicó na chapa encabeçada pelo vereador Roberto Germano.
Nova vitória contra Vivaldo Costa, o eterno adversário político.
Foi a última eleição disputada pelo velho líder.
Manoel Torres ainda participou das eleições de 2002, 2004 e 2006, apoiando os candidatos do seu sistema político.
Manoel Torres foi um exemplo de honestidade e honradez para as atuais e futuras gerações de homens públicos do Rio Grande do Norte.

Um comentário:

Prof. Carlão disse...

Acredito que Manuel Torres está para a história política de Caicó assim como Manuel Paulino o é para a de Jardim do Seridó!