Logo que me ordenei padre em 1954, fui nomeado vigário de Touros. Nunca ví povo tão bom, tão simples, tão sofrido. Percorria todo litoral a cavalo. De Barra de Maxaranguape a São Miguel do Gostoso.
Um dia cheguei a Touros e encontro a cidade arrasada. Não havia outro assunto. Joaquim de Ana (o sacristão) me preveniu: Padre, se prepare que há notícias que não são lá muito boas.
Bebé me disse a mesma coisa. Afinal, o que terá havido em Touros?
Toinho, rapaz sério, de total confiança, surpreendeu a cidade. Todos pensavam que Mariazinha ia se casar de véu e capela, e de repente - Toinho buliu com Mariazinha.
Mandei chamar os dois e expliquei que o casamento poderia ser feito com dispensa de banhos etc., etc. Toinho ouvia tudo e concordava, acenando a cabeça.
No final do papo-monólogo, olho pra Toinho, silencioso e assustado, faço esta exclamação (que naquele tempo Freud não explicava), sem jamais imaginar aquela resposta:
- "Toinho, você é um rapaz sério, de toda confiança de todos, como é que caiu numa dessa?"
- "Padre Zéluiz, é que eu estava conversando com Mariazinha, começamos a brincar, a brincar, e de repente me deu um escurecimento de vista..."
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Publicado no livro 'NA CALÇADA DO CAFÉ SÃO LUIZ', de autoria do padre e professor José Luiz Silva (Padre Zé Luiz) - Impresso pela Companhia Editora do Rio Grande do Norte (CERN) - Natal - RN, em data não informada no mesmo.
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