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domingo, 13 de maio de 2012

FELIZ E ABENÇOADO DIA DAS MÃES

Carta à Minha Mãe.

Mãe, quando eu comecei a escrever esta carta, usei a pena do carinho, molhada na tinta rubra do coração ferido pela saudade. As notícias, arrumadas como perólas em um fio precioso, começaram a saltar de lugar, atropelando o ritmo das minhas lembranças. Vi-me criança orientada pela sua paciência. As suas mãos seguras, que me ajudaram a caminhar. E todas as recordações, como um caleidoscópio mental, umedeceram com as lágrimas que verteram dos meus olhos tristes. Assumiu forma, no pensamento voador, a irmã que implicava comigo. Quantas teimas com ela. Pelo mesmo brinquedo, pelo lugar na balança, por quem entraria primeiro na piscina. Parece-me ouvir o riso dela, infantil, estridente. E você, lecionando calma, tolerância.
Na hora do lanche, para a lição da honestidade, você dava a faca ora a um, ora a outro, para repartir o pão e o bolo. Quantas vezes seu olhar me alcançou, dizendo-me, sem palavras, da fatia em excesso para mim escolhida. As lições da escola, feitas sob sua supervisão, as idas ao cinema, a pipoca, o refrigerante. Quantas lembranças, mãe querida! Dos dias da adolescência, do desejar alçar vôos de liberdade antes de ter asas emplumadas.
Dos dias da juventude que idealizavam anseios muito além do que você, lutadora solitária poderia me oferecer. Lágrimas de frustração que você enxugou. Lágrimas de dor, de mágoa que você limpou, alisando-me as faces. Quantas vezes ouço sua voz repetindo, uma vez mais: tudo tem seu tempo, sua hora! Aguarde! Treine paciência! E de outras vezes: cada dia é oportunidade diferente. Tudo que você tem é dádiva de Deus, que não deve desprezar. A migalha que você despreza pode ser riqueza em prato alheio. O dia que você perde na ociosidade é tesouro jogado fora, que não retorna.
Lições e lições.
A casa formosa, entre os tamarindeiros assomou na minha emoção. Voltei aos caminhos percorridos para invadi-la novamente, como se eu fosse alguém expulso do paraíso, retornando de repente. Mãe, chegou um momento em que a carta me penetrou de tal forma, que eu já não sabia se a escrevera. E porque ela falava no meu coração dolorido, voei, vencendo a distância. E vim, eu mesmo, a fim de que você veja e ouça as notícias vibrando em mim. Mãe, aqui estou. Eu sou a carta viva que ia escrever e remeter a você.
Seu Filho.
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Entre as quadras da vida e as atividades que o mundo o envolve, reserve um tempo para essa especial criatura chamada mãe. Não a esqueça. Escreva, telefone, mande uma flor, um mimo. Pense quantas vezes, em sua vida, ela o surpreendeu dessa forma.
E não deixe de abraçá-la, acarinhá-la, confortar-lhe o coração. Você, com certeza, será sempre para ela, o melhor e mais caro presente.
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Esta belíssima carta eu recebi - via e-mail - do amigo Aldeniz de Azevedo, de Jardim do Seridó, dias após o falecimento da minha genitora, fato ocorrido no dia 23 de abril deste ano de 2012.
E como eu gostaria de ser o remetente  e - principalmente - ainda ter minha mãe neste plano material,  para ser a destinatária.
Mas!
É... Esta sendo difícil a ausência de 'Dona Ducéu'. No entanto,  resta-me o consolo e a certeza de que ele está ao lado do Pai Criador, certamente ainda se preocupando com este 'farrapo humano', que neste momento efetua a presente postagem.
Minha benção Mamãe!
Bira Viegas

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