“O GERALDOCÓPTERO”
Bira Viegas
Reta final da
Campanha Eleitoral de 2002.
Na segunda
semana do mês de setembro, Jardim do Seridó – RN é acordada por vários carros
de som percorrendo suas ruas com os seus respectivos locutores, anunciando o
que seria “o maior desmantelo da campanha”.
Ou seja, um comício-relâmpago com a presença de dois candidatos a senadores
que chegariam no início da tarde, a bordo de um helicóptero.
Os candidatos
ao Senado Federal pela bancada do estado do Rio Grande do Norte eram três: Garibaldi Alves, Geraldo Melo e José Agripino.
Importante lembrar que mesmo
concorrentes entre si, Garibaldi e Geraldo estavam aliados visando suas
respectivas eleições, derrubando assim o candidato José Agripino.
O dia
da eleição se aproximava, e enquanto à candidatura de Garibaldi aparecia em
primeiro lugar em todas as pesquisas de opinião pública, a de Geraldo patinava
na terceira colocação, bem atrás do candidato José Agripino que se mantinha no segundo lugar.
Para
Geraldo Melo, era necessário e urgente reverter à derrota que se desenhava.
Foi
quando GM mudou quase que totalmente os rumos da campanha e para ganhar tempo
em seus deslocamentos, resolveu inovar se utilizando de um helicóptero.
Surgia o “Geraldocóptero”.
Mas, voltemos a
Jardim do Seridó.
No horário
anunciado (quatorze horas) uma multidão de correligionários de Geraldo e Garibaldi
(conhecidos como bacuraus e/ou mosquitos) já se concentrava em uma área
descampada de um Centro Social Urbano, local escolhido para o pouso.
Do livro: "Causos, Rimas e Outros Escritos". Escrito por Bira Viegas (Publicação em breve).
Com um
atraso de mais de duas horas, eis que surge o helicóptero.
Enquanto
são realizados os procedimentos de pouso, dezenas e dezenas dos
correligionários mais apaixonados se aproximam do mesmo e são “premiados com um grande banho de areia”,
ocasionado pela rotação das pás da aeronave.
Já
no solo, os candidatos são recepcionados e carregados nos ombros de ensandecidos simpatizantes do "tamborete" (apelido de Geraldo Melo ) e do "gari" (apelido de Garibaldi Alves), até outro local onde fazem um breve discurso. Em
seguida, retornam para o local onde se encontrava pousado, o “Geraldocóptero.”
Procedimentos
de decolagem iniciados. Barulho ensurdecedor da turbina. O motor atinge à
rotação ideal e o “Geraldocóptero” começa a deixar o solo.
Novo “banho de areia” nos bacuraus e
mosquitos.
A aeronave
ganha altitude e se afasta conduzindo Geraldo e Garibaldi, deixando para trás o
entusiasmo, a alegria e vários bonés e bandeiras - pertencentes aos
“hipnotizados” correligionários, e que foram espalhados pela ventania acontecida quando da decolagem da
aeronave.
Comentam até
que um conhecidíssimo ‘bacurau do pé roxo” deixou cair sua dentadura, encontrada no dia
seguinte, próxima às marcas dos patins do “Geraldocóptero”.
Quanto ao
resultado da eleição, e conforme indicavam às pesquisas, os eleitos foram
Garibaldi Alves Filho e José Agripino Maia. Mesmo com o “Geraldocóptero”, a candidatura de
Geraldo Melo não decolou.
Do livro: "Causos, Rimas e Outros Escritos". Escrito por Bira Viegas (Publicação em breve).
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