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sábado, 27 de outubro de 2012

- CAUSO -

“O GERALDOCÓPTERO”
                      Bira Viegas

Reta final da Campanha Eleitoral de 2002.
 
Na segunda semana do mês de setembro, Jardim do Seridó – RN é acordada por vários carros de som percorrendo suas ruas com os seus respectivos locutores, anunciando o que seria “o maior desmantelo da campanha”. Ou seja, um comício-relâmpago com a presença de dois candidatos a senadores que chegariam no início da tarde, a bordo de um helicóptero.
Os candidatos ao Senado Federal pela bancada do estado do Rio Grande do Norte eram três: Garibaldi Alves,  Geraldo Melo e José Agripino.
Importante lembrar que mesmo concorrentes entre si, Garibaldi e Geraldo estavam aliados visando suas respectivas eleições, derrubando assim o candidato José Agripino.
O dia da eleição se aproximava, e enquanto à candidatura de Garibaldi aparecia em primeiro lugar em todas as pesquisas de opinião pública, a de Geraldo patinava na terceira colocação, bem atrás do candidato José Agripino que se mantinha no segundo lugar.
Para Geraldo Melo, era necessário e urgente reverter à derrota que se desenhava.
Foi quando GM mudou quase que totalmente os rumos da campanha e para ganhar tempo em seus deslocamentos, resolveu inovar se utilizando de um helicóptero.
Surgia o “Geraldocóptero”.
Mas, voltemos a Jardim do Seridó.
 
No horário anunciado (quatorze horas) uma multidão de correligionários de Geraldo e Garibaldi (conhecidos como bacuraus e/ou mosquitos) já se concentrava em uma área descampada de um Centro Social Urbano, local escolhido para o pouso.
Com um atraso de mais de duas horas, eis que surge o helicóptero.
Enquanto são realizados os procedimentos de pouso, dezenas e dezenas dos correligionários mais apaixonados se aproximam do mesmo e são “premiados com um grande banho de areia”, ocasionado pela rotação das pás da aeronave.
Já no solo, os candidatos são recepcionados e carregados nos ombros de ensandecidos simpatizantes do "tamborete" (apelido de Geraldo Melo ) e do "gari" (apelido de Garibaldi Alves),  até outro local onde fazem um breve discurso. Em seguida, retornam para o local onde se encontrava pousado, o “Geraldocóptero.
Procedimentos de decolagem iniciados. Barulho ensurdecedor da turbina. O motor atinge à rotação ideal e o “Geraldocóptero” começa a deixar o solo.
Novo “banho de areia” nos bacuraus e mosquitos.
A aeronave ganha altitude e se afasta conduzindo Geraldo e Garibaldi, deixando para trás o entusiasmo, a alegria e vários bonés e bandeiras - pertencentes aos “hipnotizados” correligionários, e que foram espalhados pela ventania  acontecida quando da decolagem da aeronave.
Comentam até que um conhecidíssimo ‘bacurau do pé roxo” deixou cair sua dentadura, encontrada no dia seguinte, próxima às marcas dos patins do “Geraldocóptero”.
Quanto ao resultado da eleição, e conforme indicavam às pesquisas, os eleitos foram Garibaldi Alves Filho e José Agripino Maia. Mesmo com o “Geraldocóptero”, a candidatura de Geraldo Melo não decolou.

Do livro: "Causos, Rimas e Outros Escritos". Escrito por Bira Viegas (Publicação em breve).

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