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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

- CAUSO -

- CABORÉ NÃO! -
          Bira Viegas

Cabo Adolfo era pertencente aos quadros da Polícia Militar do nosso Estado, e nos momentos de folga se tornava um exímio caçador de animais silvestres.
Costumeiramente deixava sua residência no município de Currais Novos – RN, na companhia de dois cachorros vira-latas e se aventurava por outros locais onde existisse caça abundante, sempre conduzindo uma velha espingarda bate bucha.
Certa vez, ao anoitecer, chega a uma pequena cidade paraibana e antes de se embrenhar em uma mata existente nas cercanias da mesma resolve se dirigir até uma bodega que se encontrava de portas abertas.
Adentra ao recinto e se dirige ao proprietário, onde solicita uma dose de aguardente.
Pedido atendido inicia um bate-papo com o bodegueiro:
- Meu amigo, esta é a cidade chamada de Caboré?
O bodegueiro – com cara de poucos amigos, responde:
- Forasteiro...  Aqui ninguém gosta de muita conversa, e principalmente não gostamos do nome que o senhor disse. Inclusive nossas autoridades já estão trocando o nome desta cidade para Frei Martinho.
Cabo Adolfo rebate:
 - Então vocês de Caboré não gostam do nome da sua cidade?
 O bodegueiro se exalta:
- Amigo eu já lhe disse que nós não gostamos deste nome que o senhor falou!
Cabo Adolfo:
- Calma! Eu posso saber o motivo pelo qual vocês não gostam do nome de Caboré?
Bodegueiro:
- Cabra, se você repetir este nome mais uma vez, eu vou lhe dar umas tapas!
Cabo Adolfo:
- Vai bater em mim? Por causa deste nome de Caboré? Eu quero é...
Não completou a frase. Levou várias tapas no tronco das orelhas, enquanto era empurrado para fora da bodega – acompanhado dos seus dois cachorros, e mesmo de posse de sua velha espingarda não reagiu à agressão, se retirando do local seguindo no rumo da mata.
 
Passou a noite caçando e não conseguiu capturar nenhum animal.
Dia clareando resolve encerrar a caçada.
Quando vai saindo da mata avista dois caborés pousados sobre os galhos de uma árvore.
Não titubeia. Aponta a arma e dispara.
O resultado é menos dois caborés na natureza.
Apanha as duas aves e resolve se vingar do bodegueiro que na noite anterior o havia agredido, preparando para a mesmo, uma das suas presepadas.
Retorna a bodega. E quando o bodegueiro o reconhece, grita:
- Danou-se... Você aqui de novo. O que diabo você está querendo seu forasteiro filho de uma égua?
- Calma! Eu já estou indo embora pra minha cidade. Só passei aqui para tomar uma dose de cana e lhe mostrar os dois bichinhos que eu matei.
O bodegueiro, não consegue conter à própria curiosidade e pergunta:
E quais foram os bichinhos que você matou?
Cabo Adolfo abre o bornal, retirando do mesmo os dois caborés mortos, e detona:
- São dois bichinhos que aqui vocês chamam de 'Frei Martinho'!
Pela gozação, saiu da cidade debaixo de novas tapas no pé do ouvido e chutes no trazeiro.
 
Do livro: "Causos, Rimas e Outros Escritos". Escrito por Bira Viegas (Publicação em breve).

Um comentário:

Anônimo disse...

Já estou bem informado: o nome é Frei Martinho! Deus me livre de dizer esse outro nome!...