Kelly Oliveira e Wellton Máximo*
Repórteres da Agência Brasil
Brasília
- Com a alta do dólar, o Banco Central (BC) iniciou o dia com
intervenção no mercado de câmbio. Ás 9h20, o BC anunciou leilão de swap
cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro.
O
BC negociou todos os contratos ofertados no leilão. Foram 30 mil
contratos com vencimento em 2 de setembro e outros 30 mil, em 1º de
outubro. O valor total da primeira data de vencimento ficou em US$ 1,495
bilhão, e no segundo caso, US$ 1,491 bilhão.
Ontem
(19), as indicações do Federal Reserve (Fed), Banco Central
norte-americano, de que deverá reduzir o ritmo de ajuda monetária para a
economia dos Estados Unidos fizeram o dólar fechar acima de R$ 2,20
pela primeira vez em quatro anos. O dólar comercial encerrou o dia em R$
2,2205 para venda, com alta de 1,94% e na maior cotação desde 27 de
abril de 2009.
Durante
boa parte desta quarta-feira, o câmbio operou em queda, chegando a
atingir R$ 2,1691 por volta das 15h, patamar mínimo do dia. Logo depois,
no entanto, saiu o comunicado da reunião do Fed. A cotação então
inverteu a tendência e subiu expressivamente no fim da tarde.
Em
entrevista, o presidente do Fed, Ben Bernanke, declarou que, por
enquanto, o Banco Central dos Estados Unidos pretende manter o ritmo de
injeção de dólares na maior economia do mundo. Ele, no entanto, admitiu
que, caso a situação do país melhore nos próximos meses, o Federal
Reserve pode diminuir o ritmo de compras de ativos 'mais para o fim
deste ano'.
Por
meio da compra de ativos, como títulos públicos, o Fed joga dinheiro no
mercado e aumenta a quantidade de dólares na economia mundial. Caso a
ajuda monetária diminua, o volume de moeda norte-americana em circulação
cai, aumentando o preço do dólar em todo o mundo.
Em
entrevista coletiva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que os
técnicos da pasta ainda estavam analisando o comunicado do Fed. Segundo
ele, as turbulências no câmbio nas últimas semanas decorrem do fato de
existirem dúvidas sobre a velocidade do ajuste monetário.
'A
fala deles [dos diretores do Fed] é enigmática. Não sei se confirmaram
nem se deram o horizonte de qual será a velocidade [da retirada dos
estímulos monetários]. Então, o cenário fica instável, acarretando a
desvalorização das moedas de vários países', declarou.
O
ministro, no entanto, disse acreditar que esse processo é transitório.
'Neste primeiro momento, observa-se maior volatilidade do dólar, mas os
mercados se reposicionam e depois se acalmam novamente', disse. Mantega
reiterou ainda que o Brasil está preparado para lidar com a alta
repentina da moeda norte-americana. 'O Banco Central e a Fazenda estarão
atentos para evitar volatilidade excessiva. Temos muita bala na agulha
para fazer isso. Temos muitas reservas [internacionais], muito dólar em
carteira', acrescentou.
* Com informações da Agência Lusa.
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