João
Câmara era prefeito de Baixa Verde, quando a Revolução de 1930. Chegava. Ele
tinha conceito de ser um dos melhores prefeitos de municípios pequenos do
Estado.
Nesse
ano, semanalmente, Baixa-Verde era citado nos jornais, não tanto pele
importância do município, mas pela fama do seu prefeito como grande industrial
e homem já influente no Estado. E não tardou que viesse a ser incluído na lista
dos prefeitos demitidos pela Revolução.
Instalada,
em outubro de 1930, a Junta Militar Governativa no Palácio de Natal, sua gestão
começou pela dissolução da Assembleia Legislativa e demissão dos prefeitos.
João
Câmara aguardou o seu substituto, recebeu-o na prefeitura e passou-lhe a
direção do município, assumindo, no momento, com tranquilidade e
responsabilidade pelos seus atos. O Interventor Federal Dr. Irineu Jofily,
recebeu depoimentos os mais trágicos sobre o prefeito demissionário: J.C. era
analfabeto, desonesto, dono do município e pedante.
Já
demitido, foi chamada duas vezes ao Palácio. Mas J.C. tinha a defesa fácil que
independia de provas. A clareza e a simplicidade de sua exposição eram uma
evidência incontestável. Uma das acusações, inclusive a maior, era de que havia
se apossado de bens do Estado, isto é, de cinco moinhos e usufruído os
benefícios destinados ao povo espoliado. O Interventor procurou apurar tudo,
quando teve a prova de que o acusado era proprietário dos moinhos e o Estado
seu devedor, imediatamente, reconheceu a injustiça que lhe estavam fazendo.
E,
J.C. demitido pela Junta Militar em outubro, era readmitido prefeito em 6 de
dezembro, sendo empossado em 14 de dezembro deste mesmo ano. Ele não queria
aceitar, relutou muito, sendo preciso que seu grande amigo Fernando Pedroza, o
convencesse a aceitar.
Ele,
na verdade, estava ao lado das figuras mais importantes e tradicionais do
Estado. Nos telegramas enviados ao governo Central esclarecendo os
acontecimentos, sempre figurava o nome de João Câmara, como homem de bem. Nos
jornais do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, essas
notícias eram veiculadas. A imprensa do Nordeste e Norte comentava que o chefe
de Baixa-Verde era promovido pela força dos fatos, a sentar-se à mesa redonda
das figuras mais importantes da política do Rio Grande do Norte.
Na
verdade, a decisão do Interventor Federal, Irineu Jofily, fazendo J.C. aceitar
a assumir a prefeitura de Baixa-Verde, fora um teste para os inimigos
conhecidos e desconhecidos dele.
De
todo esse acontecimento e episódio de 1930, ele saiu mais forte e vitorioso,
projetando-se no plano estadual e tornando-se conhecido em muitos Estados do
Brasil.
Seu
mandato, como prefeito de Baixa Verde, terminava em 28 de novembro de 1932,
quando era substituído pelo Dr. Abelardo Calafange, na época da Interventoria
de Bertino Dutra da Silva.
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Transcrito
do livro: JOÃO CÂMARA – UM HOMEM ADMIRÁVEL, de autoria do professor PAULO
PEREIRA DOS SANTOS. Impresso pelo Departamento Estadual de Imprensa
(DEI) do Governo do RN. Natal, ano de 1997.
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João Severiano da Câmara nasceu em Taípu
(RN), em 8 de março de 1895 e faleceu em Natal (RN), em 12 de dezembro de 1948. Foi um dos mais ricos empresários do Estado potiguar.
Como político exerceu os cargos de: Intendente do município de Taípu; prefeito
de Baixa-Verde, Deputado Estadual e Senador da República. Estava cotado para
disputar o governo do estado nas eleições do ano de 1950, que se
avizinhava, e certamente teria sido eleito
governador, caso a morte não o tivesse ceifado aos 53 anos de idade.
(*)
Em 19 de novembro de 1953 a Assembleia Estadual do RN promulgou a Lei nº
899/53, passando o município de Baixa-Verde a
denominar-se João Câmara.
BV
BV
Um comentário:
PARABÉNS POR ESSAS POSTAGENS SOBRE A POLÍTICA DO NOSSO ESTADO. CONTINUE PUBLICANDO NOVAS HISTÓRIAS.
LUIZ NEVES
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