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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

CAUSO

- PREGO BATIDO, PONTA VIRADA -
(Orlando Caboré)

O preto Maximino Joaquim era um homem de muita fibra, trabalhador, poeta e repentista. Posseiro de vazantes no açude Itans, em Caicó no RN, perde esse direito com a chegada de um novo chefe do Dnocs no município. Birrento, garantiu denunciar o fato ao Presidente e recuperar a sua gleba. O homem não lhe fez caso. Maximino mandou-se em um pau-de arara a capital da República. Não só conseguiu falar com Getúlio Vargas como trouxe uma ordem expressa para que lhe devolvessem o lote. Semanas e semanas, depois, ele volta com o “decreto do homem” e esfrega na cara do poderoso chefão. Ele lê, resmunga. Maximino o cutuca:
- E agora, seu dotô? Vai desobedecer ao Homem?
Bufando de raiva, o cara de jaca devolve o pedaço de chão a Maximino.
Anos mais tarde, já velho, vira jardineiro na Praça do Rosário. A cada regada de planta, uma talagada de aguardente. E seu veio poético vinha à tona:  Meu nome é Maximino Joaquim, tenho um lado bom, o outro ruim!
Não para por aí. Certo dia aparecem uns pingunços  pedindo uma nica para a compra de uma garrafa de zinebra gato.  O velho goza a trinca:
A galinha quando é gorda / Se conhece pela inchunda / Carro de boi bem carregado / A boiada faz corcunda / Se querem 50 mil Réis  / Vão arranjar com suas bundas!

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Do livro: BERADEIROS, HERÓIS E PAPANGUS de autoria do jornalista ORLANDO RANGEL RODRIGUES. Impresso pela NetoGraf - Caicó / RN, julho de 2005.

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