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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

ESTADO DO RN: FATOS E CAUSOS DA POLÍTICA PARTIDÁRIA

- O ÚLTIMO MANDATO -

Nas eleições de 3 de outubro de 1950, quando Dix-sept Rosado Maia e Manoel Varela de Albuquerque candidataram-se à sucessão de José Varela ao governo do Estado do Rio Grande do Norte, Enoch de Amorim Garcia, Diretor do Departamento de Agricultura, licenciou-se para disputar uma cadeira de Deputado Federal pela legenda da UDN.
O seu compadre Sérgio Quirino, administrador da Mesa de Rendas de São Tomé, numa demonstração de prestígio, lhe trouxe a grata notícia de que, sem lá aparecer durante a campanha eleitoral, Enoch fora bem votado, obtendo 118 votos. No dia seguinte, visivelmente revoltado, Olavo Lamartine, que o substituiu no Departamento de Agricultura, foi à sua residência com uma denúncia. Certos de que, pela apuração em curso, o Dr. José Augusto Bezerra de Medeiros não seria reeleito, os Srs. Theodorico Bezerra, Dinarte Mariz, Aluízio Alves, Gentil Ferreira e outros, reuniram-se na sede da “Tribuna do Norte”, reunião da qual ele também participara, para, de comum acordo, transferirem os votos de Enoch para o veterano líder político, cuja saúde precária o impedira de participar da campanha. Olavo ficaria em Acari podando a votação de determinado candidato apoiado pela família Lamartine. Discordando da “brejeira”, Olavo foi lhe denunciar a manobra, sugerindo assinarem, em conjunto, uma representação ao Tribunal Regional Eleitoral. Mas, em homenagem ao velho parlamentar, e convencido de que a sua votação seria insuficiente para garantir-lhe uma cadeira de Deputado, Enoch nega a sua assinatura, discordando dessa representação ao Tribunal.
Nova visita do seu compadre Sérgio Quirino, dessa vez sem a euforia de antes, lamentando que os seus 118 votos tenham minguado para apenas oito votos. O escrivão, Tota Assunção, a quem levou o seu protesto, respondeu não ter nenhuma culpa, apenas concordara com Theodorico Bezerra que, dizendo ser do conhecimento de Enoch, lhe pediu para fazer a transferência dos votos.
Divulgados os resultados da apuração, Enoch recebeu de Café Filho, recém-eleito Vice-Presidente da República, um telegrama de agradecimento, por haver, com a sua atitude, contribuído para a eleição de José Augusto à Câmara Federal.
Passado algum tempo o candidato depenado encontrou-se com o velho parlamentar, já no exercício do seu ultimo mandato, na reta final de sua longa vida de homem público. Ao avistar o ex-Diretor do Departamento de Agricultura, José Augusto emocionou-se e de voz embargada, quase sem poder falar, lhe deu um abraço demorado e comovido, que o comoveu também.

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Transcrito do livro: HISTÓRIAS QUE NÃO ESTÃO NA HISTÓRIA, de autoria do Professor JOSÉ DE ANCHIETA FERREIRA. Impresso pela RN Gráfica e Editora Ltda (2ª impressão ampliada). Natal (RN), ano de 1989.

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