'Mestre' Zabelê (*)
Para havê paz no sertão
E a gente pudê vivê
E os mato pudê crescê,
E as muié pudê rezá,
E os matuto trabaiá
Com gosto e sastisfação,
Percisa que Lampião
Venha o povo gunverná.
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Para havê paz no sertão
E os inverno pudê vi,
E as lavora produzi,
E acabá-se com o calô,
Escardante, abrazadô
Das fornáia do verão,
Percisa sê Lampião
O nosso guvernador.
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Para havê paz no sertão
E as chuva pudê caí
E a dinhêrama tiní
Nas burra dos coroné,
Nas bisaca das muié,
Nos boros dos capitão,
Percisa que Lampião
Faça tudo o que quisé.
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Pra havê paz no sertão
E os neném pudê mamá,
Pudê crecê e engordá
Sê um home de valô,
Uns cabra trabaiadô,
Cabocos de opinião,
É perciso Lampião
Dá uns conseio aos doutô.
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Para haver paz no sertão
E sê as lei bem cumprida
E as famia protegida
E o povo pudê andá,
Se medo de qurqué má,
Percisa que Lampião
Dê suas opinião
No Diário Oficiá.
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Para havê paz no sertão
E acabá-se os criminoso,
E os ladrão e mentiroso
E as muié de mau custume
E os mexido de ciúme,
Percisa que Lampião
Ensine a população
As regra de seu rejume.
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Para havê paz no sertão
E a gente pudê drumi,
Cumê, bebê e vesti,
Pulas festas vadiá,
Sem nunca se atrapaiá,
É preciso que Lampião
Fazê do seu bataião
A puliça militá.
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Para havê paz no sertão
E o gado pudê crecê
E a indústra desenvorvê
E os pade pudê falá
Dá castigo e excumungá
Os fio da perdição
percisa que Lampião
Se mude pra capitá.
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Para havê paz no sertão
E as coisas se indireitá
E todo mundo amiorá
Duzentas léguas em redó
Do riacho Moxotó
Percisa que Lampião
Dê carta e jogue de mão
Lá dentro de Mació.
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Para havê paz no sertão
E as moça pudê prosá
E os rapaz pudê casá
E o povo pudê se ri
E os minino diverti,
É perciso uma inleição
Pra fazê de Lampião
Gunvernadô do Brasil.
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(*) 'Mestre' Alexandre Zabelê era poeta repentista, cantador, sanfoneiro e violeiro e sempre acompanhou Lampião. Era um dos homens de confiança do Rei do Cangaço.
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