POESIA POPULAR NORDESTINA

- SECA DEVORADORA -

Elizeu Ventania

Lá no sertão quando está faltando inverno
É um inferno, secam logo os vegetais
A nossa vida se transforma em sacrifício
É um suplício para todos animais.
Se acaba o pasto, seca o rio e limpa a terra
O bode berra, lamentando a sequidão,
O rico passa, mas o pobre não resiste,
Oh! quanto é triste quando há seca no sertão!

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Lá na quebrada o gato mia, a onça esturra
O gado urra na porteira do curral
As abelhinhas deixam logo suas casas
Batendo as asas toma logo outro ideal.
Fogem marrecas depois que seca a lagoa
O pato voa, vai embora o mergulhão,
Nem mesmo o sapo lá na fonte não resiste
Oh! quanto é triste quando há seca no sertão!
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A fome ataca, a sede aperta, o gado morre
O povo corre, lá não quer ficar ninguém
A passarada bate as asas é vai embora
A caipora se destina e vai também.
Os retirantes levam sol pelas estradas,
Casas fechadas, fica grande a solidão
Ramos nas árvores, não a vivo que aviste
Oh! quanto é triste quando há seca no sertão!
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O sol esquenta, seca a terra abranda o vento,
O sofrimento para o povo é sem igual
O fazendeiro lamentando sua sorte
Vê o transporte carregando o pessoal
Para São Paulo, Paraná e para Goiás
Minas Gerais, Mato Grosso e Maranhão.
Só a cigarra neste tempo é quem insiste
Oh!quanto é triste quando a seca no sertão!

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