- A COMADE -
Violant Pimentel
Durante
a vigência do amplo programa cooperativo “Aliança para o Progresso”,
proposto oficialmente pelo então Presidente dos Estados Unidos, John F.
Kennedy, no seu discurso de 13 de março de 1961, muitas coisas
aconteceram no Rio Grande do Norte, incluindo coisas boas e também
hilárias.
Esse
programa foi lançado durante uma recepção aos Embaixadores
latino-americanos, na Casa Branca, e visava acelerar o desenvolvimento
econômico e social da América Latina, como também evitar o avanço do
comunismo nesse continente. A Aliança para o Progresso duraria 10 anos,
projetando-se um investimento de 20 bilhões de dólares, principalmente
da responsabilidade dos Estados Unidos, mas também com a participação de
diversas organizações internacionais, países europeus e empresas
privadas.
Na
fase inicial da vigência da Aliança para o Progresso, Kennedy e a bela
esposa Jacqueline representavam, para o povão, o que hoje poderia se
chamar de “Casal 20″. Aparentemente apaixonados, eram bonitos e
poderosos. Seus posters e fotos serviam de decoração na casa de seus
fãs, principalmente dos mais humildes. Havia um fanatismo generalizado
pelo famoso casal.
Através do Programa Aliança para o Progresso, havia distribuição de doações aos miseráveis nordestinos, vindas dos Estados Unidos. As esmolas que vinham para o Brasil incluiam leite em pó, em latas de 5 quilos, óleo de soja e triguilho, além de fardos de roupas usadas.
Através do Programa Aliança para o Progresso, havia distribuição de doações aos miseráveis nordestinos, vindas dos Estados Unidos. As esmolas que vinham para o Brasil incluiam leite em pó, em latas de 5 quilos, óleo de soja e triguilho, além de fardos de roupas usadas.
Para
variar, os políticos ladrões e suas corjas de assessores, conseguiam se
apoderar, para comercializar de forma descarada, de grande parte dessas
doações, vindas da Aliança para o Progresso.
Em Nova-Cruz (RN), cidade pobre e atrasada, mas chamada de rainha do agreste, um político foi denunciado por estar desviando o leite em pó, destinado a matar a fome das crianças pobres da região. Ele conseguia, através de pessoas conhecidas, arrecadar latas de leite vazias, da Nestlé (leite Ninho e Nestogeno), e as enchia com o leite em pó americano, comercializando o produto, clandestinamente. A descoberta desse crime ocorreu em plena campanha política. Foi um verdadeiro escândalo, mas não deu em nada…
Em Nova-Cruz (RN), cidade pobre e atrasada, mas chamada de rainha do agreste, um político foi denunciado por estar desviando o leite em pó, destinado a matar a fome das crianças pobres da região. Ele conseguia, através de pessoas conhecidas, arrecadar latas de leite vazias, da Nestlé (leite Ninho e Nestogeno), e as enchia com o leite em pó americano, comercializando o produto, clandestinamente. A descoberta desse crime ocorreu em plena campanha política. Foi um verdadeiro escândalo, mas não deu em nada…
Nessa
época, em Nova-Cruz, ainda não havia televisão. Estavam longe de chegar
àquela cidade energia elétrica e água encanada. A Internet, então, era
uma utopia… O caso ficou por isso mesmo…Como se diria hoje, “terminou em
pizza”… A vingança do povo se resumiu, apenas, à pichação nas paredes:
“Cadê o leite, seu doutor?”
Esse não foi um caso isolado. Outros políticos repetiram a mesma façanha.
Nas
cidades do interior, tornou-se um fato comum casais humildes e
analfabetos convidarem Kennedy e Jaqueline para padrinhos de batismo de
seus filhos recém-nascidos. Esses convites eram, enganosamente,
“encaminhados” ao ilustre casal americano, conforme promessa de algum
político ou assessor inescrupuloso. No dia e hora marcados para o
batizado, esse emissário chegava à Igreja. Muito compenetrado, trazia em
mãos uma procuração duvidosa, com as assinaturas de Kennedy e
Jacqueline, dando-lhe poderes para os representar naquele evento
religioso. O pseudo representante do ilustre casal, além de trazer em
mãos a procuração, ainda apresentava ao padre a justificativa de que
compromissos superiores haviam impedido o comparecimento dos padrinhos
Kennedy e Jacqueline. O batizado era realizado, e o vínculo entre os
compadres e comadres, na boa-fé dos matutos, valia para sempre. Os
humildes casais sentiam-se orgulhosos por terem como padrinhos de seus
filhos, o belo e importante casal americano.
Quando
houve a tragédia do assassinato de Kennedy, no dia 22 de novewmbro de
1963, uma das “comadres” de Kennedy e Jacqueline, moradora da zona rural
de Nova-Cruz (RN), ao saber da dolorosa notícia, ficou inconsolável, e
sofreu uma crise histérica!!!
Completamente fora de si, a mulher teve que ser transportada para o Posto de Saúde de Nova-Cruz, onde recebeu atendimento médico de urgência. De longe, podiam-se ouvir os gritos da comadre, desesperados e repetitivos:
-“Meu Deus, “cuma” estará “cumade” Jacqueline???” “Cuma” estará “cumade” Jacqueline???”
Completamente fora de si, a mulher teve que ser transportada para o Posto de Saúde de Nova-Cruz, onde recebeu atendimento médico de urgência. De longe, podiam-se ouvir os gritos da comadre, desesperados e repetitivos:
-“Meu Deus, “cuma” estará “cumade” Jacqueline???” “Cuma” estará “cumade” Jacqueline???”
O quadro depressivo da mulher agravou-se e a comadre precisou ser transportada para um hospital psiquiátrico da capital.
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Enviada por: Tarcisio Pereira e Leobardo Caboquinho
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