Autor
Desconhecido
Agora
com geral celícia
Todos
na sociedade,
Quando chegou a notícia:
Jesuíno
na cidade,
Eram
todos a dizer:
Por
certo há novidade.
- - - - -
Bastante
fiquei veixado,
Me
levantei, fui olhando,
Era o
senhor Jesuíno,
Sua
escolta acompanhando,
Bem
vestido e bem montado
Pela
rua foi passando.
- - -
- -
Com
grande sinceridade
Pela
rua navegou,
E,
encontrando um sujeito,
Por Porfírio
perguntou...
Com
quem tinha algum negócio,
Sua
casa procurou.
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- -
Dignamente,
chegando
Na
porta logo esbarrou,
Saldando
D. Luzia,
Que o
Porfírio não achou:
Respondeu
e disse ela
- De
mim não tenha pavô...
- - -
- -
Então
senhor Jesuíno
Presumindo
o que deseja;
Tinha
mandado comprar
Vinho,
genebra e cerveja;
Embora
o seu portador
Violento
homem seja.
- - -
- -
Foi um
caso admirável,
Esse
agora que vos digo,
Todo o
povo da cidade
Geralmente
reunido;
Que
todos desejam ver
Jesuíno
no perigo.
- - -
- -
Gritava
com presunção
O
comandante da armada:
- Para
o senhor Jesuíno,
Temos
mortalha cortada,
Temos
algemas de ferro
Gargalheira
preparada.
- - -
- -
Há um
negócio importante
Que me
trouxe aqui agora;
Como
não achei Porfírio
Me
retiro, vou me embora.
Ficará
pra outro dia,
Se
encontrá-lo por fora.
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- -
Ideia
não fez o homem,
Que
estava descuidado,
Quando
chegou a notícia:
- O
senhor é atacado,
A
tropa está reunida,
O
senhor já é cercado.
- - - - -
- Já
eu sei D. Luzia
Que o
Porfírio não está,
Mas
enquanto não beber
Não
posso me arretirar.
Já
mandei um portador,
Ele
pouco há de tardar.
- - -
- -
Calendário
de distúrbios,
Hoje
aqui há de se ver,
Se me
virem cercar
Muita
gente há de sofrer,
Os que
mais me arrojarem
Hão de
chorar e gemer.
- - - - -
Levante-se,
D. Luzia,
Sem
beber não me retiro,
Somos
todos cangaceiros,
Bem
podemos dar uns tiros.
Se me
virem cercar
Verão
o que nunca viram.
- - - - -
Mansamente
respondeu
O
senhor Antônio do Ó:
Se me
vierem cercar
Meu
patrão não fica só.
E tal
seja o meu destino,
Que
farei botarem dó.
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- -
-
Nesta mente, estamos todos,
Respondeu
o João Delgado
Comigo
contem por certo
Contra
qualquer empregado
Ao
depois de dar uns tiros,
Então
serei retirado.
- - -
- -
Oh!
Que barulho como este
No Martins
nunca se deu,
Muita
vontade perdida,
Muita
gente glória deu.
Nesta
batalha tão forte
Que
Jesuíno venceu.
- - - - -
Por
certo gritou: o rôlo
Que
neste dia se deu,
Pelo
subdelegado,
Todo o
mal se procedeu,
Que o
alferes sem desejo,
Constrangido
cometeu.
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- -
Quem
será teu defensor
Nesta
Serra de Martins?
Não
pode contar vitória,
Brevemente
terás fim.
Pouco
terás que viver,
Quem a
ti não vir o fim.
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- -
Ralhando
com presunção,
Jesuíno
sem temor:
-
Tenha sentido no cêrco,
Que eu
brevemente me vou,
Não
posso ficar aqui,
Que eu
desta terra não sou.
- - -
- -
Saíram
todos do cerco
Sem
temor e sem demora,
Jesuíno
repetindo:
- Está
chegada a minha hora,
Tenho
sentido no cerco
Que a
boiada vai-se embora!
- - -
- -
Unidos
ficaram todos
Com
muita boa união.
O povo
ficou dizendo:
- Lá se
foram, lá se vão!
Voltaram
os empregados,
Mal
servidos, sem razão.
- - -
- -
Voltaram
os combatentes,
Indo o
alferes baleado.
E o
Juiz Municipal
Com um
braço bem cravado;
Os
mais, dizem, que gemiam
Lastimando
o seu estado.
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- -
Chorando
ficaram muitos
Sem
ter remédio que dar,
Bem
empregado te seja,
Quem
mandou tu vires lá?
Jesuíno
e sua gente
Nunca
te fizeram mal.
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- -
Zombando
foi Jesuíno,
Pabulando
a sua história,
O
alferes João Francisco
Com
tristeza foi embora,
Chegando
no Rio Grande
Já deu
baixa sem demora.
- - - - -
O til é
letra do fim,
Vai-se
embora navegando,
Me
procure quem quiser,
Cada
hora e cada instante,
Me
acharão sempre às ordens:
Jesuíno Alves Brilhante.
Jesuíno Alves Brilhante.
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