A LUTA CONTINUA!

biraviegas@bol.com.br

quinta-feira, 24 de julho de 2014

POESIA POPULAR NORDESTINA

    - O RICÃO DO CABARÉ -  

Raimundo de Chico Inácio
É um cabra lá do sertão
E o mais estrategista
Que já deu na região
Com os próprios camaradas
Pregava várias ciladas
Ganhou diversas apostas
E com o seu jeito hilário
Dizia que o otário
Tem sempre o bolso nas costas.
- - - - -
Socorro de Margarida
Saiu lá de Conceição
Para morar em Campina.
E no bar do Serrotão
Começou fazer programa
Vendendo o corpo na cama
Fazendo da vida um show
Quando de uma certa vez
Chegou por lá um freguês
Que por ela procurou.
- - - - -
Tinha umas quinze mulheres
No salão do cabaré
O cidadão foi entrando
E perguntando quem é
Socorro de Margarida?
Uma morena nutrida
Disse assim: - Sou eu amigo...
E foi ficando de pé
Ele disse: - Quanto é
Pra você ficar comigo?
- - - - -
Ela foi lhe respondeu:
- É só cinqüenta reais.
O quarto é por minha conta
Não precisa nada mais".
Ele aceitou sem demora
E na hora de ir embora
Coçou a ponta da venta
E disse: - Foi bom demais
E deu trezentos reais
Ao invés de dar cinqüenta.
- - - - -
Socorro barreu a quenga
Ficou pra lá e pra cá
O cara disse - Amanhã
Eu tornarei a voltar.
Quando foi no outro dia
Qu'ele chegou já havia
Vinte donas no salão
Uma olhava, outra sorria
Querendo saber quem ia
Se abufelar com o ricão.
 - - - - -
E pra surpresa de todas
Ele escolheu novamente
Socorro de Margarida
Que ficou muito contente
E na hora de pagar
Ele pegou perguntar
Quanto lhe devo meu bem?
Socorro olhou para um lado
E de rosto desconfiado
Disse: - Basta me dar cem.
 - - - - -
O cara meteu a mão
Assim no bolso de trás
E arrastou novamente
Outros trezentos reais.
Disse: pegue aqui rainha!
Socorro ficou branquinha
Da cor da casca de um ovo
Disse o cara: -  Eu vou embora
E amanhã na mesma hora
Estarei aqui de novo.
 - - - - -
No outro dia o salão
Ficou bastante enfeitado
Botaram até na entrada
Um tapetão encarnado
Cada cabocla bonita
Sorria, fazia fita
Cada qual mais atraente
Imaginem que o plebeu
A mulher que escolheu
Foi Socorro novamente.
 - - - - -
As outras mulheres todas
Ficaram de baixo astral
Sem saber o que Socorro
Tinha de especial
E depois da furunfada
Socorro desconfiada
Na hora do pagamento
Que ele disse quanto é?
Ela respondeu: - "Seu Zé",
Hoje basta dar duzento."
 - - - - -
O cabra foi novamente
Com a mão no bolso de traz
E tirou para ela a quantia
De quatrocentos reais
Quando fez o pagamento
Socorro disse: - Um momento;
Hoje eu quero saber
O que tem em mim que lhe atrai
Daqui o senhor só sai
Depois de me responder.
 - - - - -


Ele disse: - Eu sou Raimundo
De Chico Inácio, querida
Venho lá de Conceição
E sua mãe Margarida
Vendeu lá duas vaquinhas,

Um bode e umas galinhas

E pediu pr'eu lhe procurar

Pagou a minha passagem
E mandou com muita coragem
Mil reais pra lhe entregar.



<<<<<>>>>>

Nenhum comentário: