Derrota
por unanimidade. Foi o que governo colheu no TCU com a sua truculência.
Foram inúteis as tentativas de melar o julgamento apelando ao próprio
Tribunal de Contas da União e ao STF. Este, conforme se antecipou aqui,
não iria se meter num órgão meramente consultivo do Congresso. Insisto: o
TCU não julga nada. Quem vai fazê-lo é o Poder Legislativo. O tribunal
apenas dá o seu parecer e faz a análise técnica.
Quem ganha e quem perde com o resultado?
Embora a
opinião seja óbvia, é preciso falar a respeito. É claro que a presidente
Dilma sofre uma derrota sem precedentes. Literalmente. Nem ela nem
ninguém haviam passado por isso antes. Se o mérito triunfante, a
rejeição, é ruim, o placar — a unanimidade — é desmoralizante. E a
tragédia se dá quando o governo luta desesperadamente para pôr o nariz
fora da linha d’água.
Luís
Inácio Adams, advogado-geral da União, embora no cumprimento de sua
função, sai bastante arranhado desse embate. Não se trata de condená-lo
por ter defendido o ponto de vista do governo, mas por não ter atuado, e
sabe-se que não atuou, na dissuasão. Cabia a ele tentar convencer a
presidente Dilma de que era um mau caminho acusar a suspeição de Augusto
Nardes, relator do processo. Não só ele deixou de fazê-lo como
incentivou o pega-pra-capar.
Tivesse
ainda grandes argumentos, vá lá. Mas ele exibiu apenas dois, espantosos:
a) outros já haviam pedalado antes — e, portanto, havia nisso uma
confissão; b) o resultado do julgamento, se contrário ao governo, seria
parte de um esforço para tirar a presidente do cargo.
Notem: a
AGU acusava o tribunal de estar fazendo um julgamento político, mas o
próprio Adams se encarregou de politizar o debate, como se coubesse,
então, ao TCU julgar as contas de olho nas probabilidades de Dilma
sofrer um processo de impeachment.
Ou por
outra: quem transformou o resultado do TCU numa estímulo aos que querem
Dilma fora do Planalto foi o próprio governo. Inabilidade assim nunca se
viu. E, portanto, é evidente que a presidente parece menos segura no
cargo agora do que estava antes da sessão.
Se o
próprio governo entende que o resultado do TCU joga água no moinho do
impeachment, não serão os parlamentares a dizer o contrário, não é
mesmo? Tão logo Eduardo Cunha rejeite a denúncia encabeçada por Hélio
Bicudo, e parlamentares da oposição recorram da decisão, o plenário da
Câmara é que vai decidir se a comissão especial será ou não instalada. E
o fará por maioria simples, desde que se tenha garantido o quórum para
votação: 254 deputados.
É claro
que os senhores parlamentares terão de levar em conta o relatório, que
deixou de ser de Augusto Nardes para ser de todos os ministros e, pois,
do TCU, que é o principal órgão consultivo do Congresso.
Mais de
uma vez já apontei aqui a disposição de Dilma de cruzar a rua para pisar
em casca de banana. Desta vez, ela decidiu pisar na própria bananeira.
Apontar a suspeição de Nardes foi a decisão mais estúpida que ela
poderia ter tomado. Ainda que houvesse um voto divergente que fosse — e
já não havia mais —, este teria se unido à maioria. Que se note: o que o
governo fez foi atacar a instituição.
Nos cinco anos de governo Dilma e nos 13 do PT, esta é a maior derrota da Presidência. Sim, meus caros: era muito provável, desde sempre, que perdesse. Mas só a burrice política, a prepotência, a arrogância e o mandonismo conseguiriam fabricar a unanimidade contra as contas.
Dilma chegou lá,
Nos cinco anos de governo Dilma e nos 13 do PT, esta é a maior derrota da Presidência. Sim, meus caros: era muito provável, desde sempre, que perdesse. Mas só a burrice política, a prepotência, a arrogância e o mandonismo conseguiriam fabricar a unanimidade contra as contas.
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