Jorge Oliveira  
Todas essas operações, evidentemente, oneram o contribuinte. E 
certamente engorda os bolsos dos criadores dessas ideias que dizem 
querer zelar pela nossa segurança, porque no Brasil, como se sabe, 
existe sempre um espertinho por trás de uma “boa” ação. Como o 
brasileiro é um povo passivo, acomodado e até meio abestado, aceita tudo
 que um burocrata determina de cima pra baixo, sem consultar ninguém. E 
por isso paga um preço caro, como acontece nesse momento com os faróis 
dos carros acesos durante o dia.
Dessa vez, a lei passou pelo Congresso Nacional. Tomou o número 
13.290/2006 e virou infração média para quem andar nas ruas (Brasília) e
 nas estradas com os faróis apagados. Hoje, o infrator paga R$ 85,13 e é
 punido com 4 pontos na careira. A partir de novembro, as multas vão 
subir para R$ 130,16. Os “gênios” do trânsito conseguiram convencer os 
parlamentares de que os faróis acesos evitam acidentes nas rodovias. 
Deram como exemplo as estradas na Europa e nos Estados Unidos e sacaram 
desses países números aleatórios de redução de acidentes que 
justificariam a medida pelo Congresso Nacional.
Esse é o tipo da lei doida, desvairada e desnecessária que o 
brasileiro deveria não acatar e fazer, em massa, uma desobediência 
civil. Em um país ensolarado como o nosso, o farol aceso é mais uma luz 
para encandecer a vista dos motoristas tanto na estrada como na cidade, 
porque o sol incide sobre o reflexo dos faróis de dia.  Essa medida de 
luz acesa nos carros de dia é necessária nas cidades europeias e em 
muitas outras nos Estados Unidos que vivem sob neblina na maior parte do
 ano, o que não é o nosso caso.
Impor o mesmo método no Brasil é no mínimo uma decisão autoritária e,
 por que não dizer, prepotente. A ideia surgiu de um ex-inspetor federal
 de rodovia que virou deputado. E prosperou diante da imbecilidade de 
alguns congressistas que aprovam leis que só servem para onerar o bolso 
dos brasileiros, como essa do farol aceso. Depois que aprovam é que se 
tocam que a medida é esdrúxula. Não só penaliza com infração o motorista
 como enriquece alguns empresários que vão vender mais baterias, mais 
luzes para os faróis e adaptar os carros antigos com dispositivos para 
que fiquem com a luz acesa quando acionar a ignição. A melhor das 
soluções seria uma campanha educativa em rodovias com nevoeiro intenso, 
não punitiva.
Ora, ora, os acidentes no Brasil não serão evitados porque os carros 
circularão de faróis acesos de dia. Eles acontecem porque as rodovias 
são péssimas, cheias de buracos, sem acostamentos, sem sinalização e sem
 fiscalização adequada. Não existe vigilância permanente para impedir a 
alta velocidade nas estradas e os postos de fiscalização normalmente 
estão vazios à noite. Criar leis para remediar a situação é simplesmente
 ignorar que a infraestrutura do Brasil está paralisada há mais de dez 
anos.
Enquanto em outros países, as regras são adotadas para não mexer no 
bolso do contribuinte, aqui tudo é feito para penalizar a população como
 se ela fosse responsável pelos desvios públicos, a corrupção e os 
desmandos do governo e que, portanto, deve ser punida. Nunca, em nenhum 
momento, o brasileiro teve a satisfação de ouvir que um governo derrubou
 um tributo para melhorar a sua vida.
Por isso, acho que o brasileiro deveria se rebelar contra mais essa 
lei equivocada do farol aceso, cuja eficácia é duvidosa. Vamos protestar
 todas as vezes que um governo impor mais uma infração ou um imposto 
novo à população. 
 
 
 
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