Brasília – A angústia de milhares de haitianos que migram para o Brasil será um dos principais temas da conversa da presidenta Dilma Rousseff com o presidente do Haiti, Michel Martelly, hoje (1º), em Porto Príncipe. Para o governo haitiano, o assunto é considerado de relevância máxima. Emocionado, o embaixador do Haiti no Brasil, Idalbert Jean-Pierre, disse à Agência Brasil que considera uma vitória a decisão brasileira de conceder 1.200 vistos a imigrantes haitianos, sem exigência de vínculo empregatício.
“Sabemos que o Brasil também tem seus problemas, gostaríamos que a cota fosse maior, mas entendemos e consideramos uma vitória [a fixação de 100 vistos por mês]”, disse o embaixador. “No Haiti, a situação se agravou ainda mais depois do terremoto [de 12 de janeiro de 2012], as pessoas estão sem perspectiva de emprego e andam desoladas sem saber o que fazer.”
Nos últimos meses, milhares de haitianos entraram no Brasil para fugir das dificuldades no país – o mais pobre das Américas, registrando elevados índices de mortalidade infantil, criminalidade e fome. Os imigrantes entram, em sua maioria, por Tabatinga, no Amazonas, e Brasileia, no Acre. Mas também ingressam no país por Rondônia.
Pela decisão do governo brasileiro, cada visto permitirá ao cidadão haitiano trazer a mulher, o marido ou companheiro, o pai e a mãe, além dos filhos com menos de 24 anos - desde que sejam solteiros, estudantes e dependentes financeiramente. O estrangeiro que entra no Brasil sem visto corre o risco de ser deportado.
O embaixador disse, porém, que está preocupado com o futuro dos haitianos que chegam ao Brasil. Segundo ele, em média cada imigrante gasta de US$ 3 mil a US$ 4 mil, dinheiro que ele “levará toda uma vida” para pagar. De acordo com o diplomata, a maioria consegue fazer a viagem do Haiti para o Brasil com a ajuda de “coiotes” - pessoas que atravessam os imigrantes ilegalmente pelas fronteiras, cobrando por isso.
“Esses imigrantes vão receber quanto [de salário] no Brasil? [Essas pessoas] vão receber salários, terão muitas dificuldades. Mesmo assim resolvem enfrentar todas as dificuldades”, disse o embaixador, que foi ao Acre e ao Amazonas para conversar com os imigrantes. “É impossível se colocar no lugar dessas pessoas. Só sabe o que sente e o drama de um imigrante outro igual a ele.”
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