Brasília – Dezoito pessoas foram presas, entre elas sete policiais, acusadas
de pertencerem a uma quadrilha que dominava o jogo do bicho em partes do centro
do Rio de Janeiro, incluindo a região em que se localiza a sede da Secretaria de
Segurança Pública do estado, e o bairro São Cristóvão, na zona norte da
cidade.
Deflagrada hoje (29) pela Secretaria de Segurança Pública, juntamente com o
Ministério Público, a Operação Catedral tem o objetivo de cumprir 24 mandados de
prisão, nove contra policiais - sendo que dois ainda estão foragidos - e 30 de
busca e apreensão.
Dentre os policiais presos, cinco estão na ativa e dois deles são sargentos
da Polícia Militar (PM) que atuam na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do
Morro da Providência, no centro da capital fluminense.
Desde o dia 3 de janeiro, quando tiveram início as investigações, os agentes
descobriram que a quadrilha detinha o domínio do jogo do bicho em grande parte
do centro: na Central do Brasil, nas ruas Uruguaiana e Rosário e no Largo da
Carioca. A sede do escritório da quadrilha funcionava na Rua Senador Dantas. As
investigações apontam ainda que o grupo tinha um faturamento de R$ 170 mil
mensais, sendo que, dessa quantia, R$ 30 mil eram destinados aos policiais.
O Superintendente de Inteligência da secretaria, delegado Fábio Galvão, disse
que, durante as investigações, foi constatado que a quantia no valor de R$ 16
mil era destinada ao chefe do Setor de Investigações da 4ª Delegacia de Polícia
(4ª DP), além de R$ 150 e R$ 75 semanais para os dois policiais que atuavam na
UPP. "São R$ 600 mensais e R$ 300, R$ 600 para um e R$ 300 para outro. Não tem
como avaliar isso. Talvez eles não soubessem da quantidade de dinheiro
arrecadado mensalmente pela quadrilha. Se soubessem, talvez exigissem uma
quantia maior", disse o delegado.
Ainda segundo Galvão, o chefe da quadrilha detinha bens como uma agência de
carros importados, academia de ginástica, além de um iate avaliado no valor de
R$ 500 mil. Galvão acrescentou que o bando agia como uma organização bem
estruturada, com departamentos financeiro e jurídico. "O trabalho foi cansativo
e perigoso. A gente fez o acompanhamento nos locais e encima de policiais. É uma
quadrilha qualificada por uso de armas e que não pensa duas vezes antes de
atacar aqueles que se contrapõem aos seus interesses. A cautela é redobrada",
relatou.
No interior da casa do chefe da quadrilha, no Condomínio Nova Barra, na Barra
da Tijuca, foram encontrados documentos, computadores, joias e grande quantidade
armas e munições.
O primeiro envolvimento de policiais com o jogo do bicho na região da Central
do Brasil foi registrado em 2006. A descoberta culminou na expulsão da então
delegada titular da 4ª DP, acusada de envolvimento com contravenção e prática de
crime de tortura a mando de contraventores, de acordo com investigações da
Controladoria-Geral da União (CGU).
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