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quinta-feira, 28 de março de 2013

A CRÔNICA DO DIA

  RECORDANDO  
Bira Viegas
 
     Hoje amanheci o dia recordando uma das melhores fases da minha vida.
     Refiro-me ao período compreendido entre a minha infância e o início da minha adolescência, vividos no bairro do Alecrim em Natal – RN, principalmente nos trechos compreendidos entre avenidas e ruas mais conhecidas pelos respectivos números: 9 (avenida Coronel Estevam), 1 (rua Presidente Quaresma), se prolongando até a 6 (rua dos Canindés) e a 2 (rua Presidente Bandeira).
     Recordei-me dos meus amigos de brincadeiras e de travessuras. Da Mercearia Alves, de propriedade do meu pai e que era mais conhecida como “a bodega de Seu Euclides”. Do Armazém Estevam que era de propriedade do Sr. Walfredo Monteiro da Costa, da mercearia de “Seu Aluízio”, do bar de “Quindô”, e de uma sorveteria que existia na esquina das ruas Presidente Quaresma (1) e dos Pajeús (8).
     Mas a maior recordação que me veio à minha mente foi a tradicional feira-livre do Alecrim.
     Naquela época, “a feira do sábado” se iniciava no final da tarde das sextas-feiras se prolongando até o final do dia seguinte. As barracas eram montadas na “1 com a 6” se estendendo pela avenida Coronel Estevam, no trecho compreendido entre a 1 e a avenida Alexandrino de Alencar.  O movimento de compradores e feirantes fazia da feira um verdadeiro formigueiro humano. Vendia-se de tudo: cereais, carnes, pescados, frutas, verduras, artigos de uso doméstico, roupas, sapatos, refeições, ferragens e todo tipo de quinquilharias.
     Recordei-me do famoso “picado” – feito com as vísceras de carneiro ou de porco – saboreados devidamente acompanhados de uma boa farinha de mandioca, ou como se dizia antigamente; “farinha de Brejinho”, e dos bebedores de doses e mais doses das cachaças das marcas: Pitu, Caranguejo, Olho D’água, Murim e outras.
     Quantas vezes não pedi dinheiro ao meu pai para comprar o saboroso picado de “Dona Lica”, acompanhado de arroz de leite, feijão verde e uma Crush, ou de uma Grapette.
 

     Recordei-me dos comerciantes de fumo de rolo e dos vendedores de fogareiros para carvão, que eram confeccionados com latas de querosene da marca Jacaré. Dos balaieiros e vendedores de “sacos de papeeeel”. Lembrei-me dos que comercializavam pássaros silvestres - já que não existia repressão para esse comércio - debaixo de uma centenária árvore existente no cruzamento das ruas 1 com a 7.
     Também me recordei dos tradicionais frequentadores, dos pedintes, dos ébrios, das prostitutas e dos alienados como os conhecidos “Lambretinha”, “Corisco” e “Maria Sai da Lata do afeminado “Velocidade”, dos ciganos, dos cantadores de viola, dos emboladores de coco, dos repentistas e outros artistas populares que demonstravam as suas respectivas artes, e habilidades, para os frequentadores do local.
     Que tempo maravilhoso eu vivi. Infelizmente hoje é passado. No entanto, me resta o consolo de ter ficado marcado para sempre na minha memória.
 
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Do livro: “CAUSOS, RIMAS E OUTROS IMPRESSOS”. Autoria de Bira Viegas. Aguardando Publicação (FALTA UM PATROCINADOR).

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