A CAMPANHA DE 1960
A campanha de 1960 foi a mais radical e a mais
apaixonada já existente em toda a história política do Rio Grande do Norte.
Aluízio Alves desde a eleição de Dinarte Mariz em 1955 já postulava a
governadoria e para tanto vinha mantendo contatos diretos com a alta cúpula da
União Democrática Nacional (UDN), onde exercia a função de Secretário Geral da
Executiva Nacional.
Apontado pela imprensa nacional como um dos
deputados mais atuantes da Câmara Federal, tendo vários projetos, requerimentos
e pronunciamentos na defesa do desenvolvimento do Estado. Aluízio Alves
considerava-se um candidato imbatível para concorrer pela UDN, como candidato
ao Governo do Estado em 1960. Aluízio
Alves não admitia que nenhum colega da UDN pudesse interrompê-lo na marcha ao
Palácio Potengi.
Os udenistas na época acreditavam que o
próprio governador Dinarte Mariz não iria dá uma mancada, indicando outro nome
para sucedê-lo. Teria que ser o nome de Aluízio Alves.
Dentro deste otimismo, Aluízio Alves já tinha
chegado a declarar para os seus amigos no Rio de Janeiro e para a "grande
imprensa", que já podia se considerar como candidato ao Governo do Estado
nas próximas eleições. Com a morte dos senadores João Câmara e Georgino
Avelino, ambos do Partido Social Democrático, dentro do PSD não tinha nenhum
candidato que viesse fazer frente a sua candidatura.
Mas dentro do Palácio Potengi a história era
bem diferente, onde o então governador Dinarte Mariz já procurava outro nome
para sucedê-lo. Este nome para Dinarte Mariz não podia ser o de Aluízio Alves.
Apesar do próprio Dinarte em várias ocasiões ter confirmado para o Aluízio, que
ele seria o candidato do partido nas próximas eleições ao Governo do Estado.
Quando Dinarte Mariz chegou a afastar a candidatura de José Augusto ao Senado
em 1958, tinha como objetivo de colocar a candidatura de Dix-Huit Rosado como
candidato ao Senado, tirando dos Rosados, o direito de reivindicar a
candidatura ao Governo do Estado para o próprio Dix-Huit Rosado ou de algum
outro Rosado.
Na época em que começou a especulação em torno
da sucessão de Dinarte Mariz, quando a imprensa começou a divulgar que o
governador não aceitava a candidatura de Aluízio Alves, visto que queria Djalma
Aranha Marinho como o seu sucessor, Aluízio Alves retornava ao Estado e na
ocasião em que o avião em que viajava fez escala em Recife, um repórter do
"Jornal do Comércio" da capital pernambucana, entrevistou Aluízio
sobre a possível candidatura ao Governo do Estado. Na oportunidade Aluízio
Alves confirmou que independente da
posição de Dinarte Mariz, ele já era candidato ao Governo do Estado. Caso
continuasse pela ala governista a posição da não candidatura de Aluízio, ele
sairia com a sua candidatura, através de uma ala dissidente da UDN que apoiava
sua candidatura e os partidos de oposição, que até aquele momento não tinham
candidato. Na verdade, o PSB já tinha o seu candidato Theodorico Bezerra, que
poderia retirar a sua candidatura para apoiá-lo, apesar de serem inimigos
políticos. Chegando a Natal, Aluízio anunciou oficialmente a sua candidatura e
começou a contactar com o saudoso Clovis Mota, que na ocasião presidia o
Partido Trabalhista Brasileiro no Estado. Com Djalma Maranhão foram feitos os
mesmos contatos, visto que Djalma Maranhão estava disposto a sair candidato a
prefeito de Natal, poderia ter saído governador, caso o seu partido o PSP não
tivesse outro candidato para apoiar. Djalma Maranhão, aceitou a sua candidatura
como Prefeito e de Luís Gonzaga como vice e apoiar Aluízio Alves ao Governo do
Estado.
Naquela época Aluízio Alves mantinha
semanalmente na Rádio Nordeste um programa denominado de "Conversa com o
povo". Com o seu rompimento com o Governo do Estado foi obrigado a
extinguir o referido programa naquela emissora, visto que a mesma era de
propriedade de Dinarte de Medeiros Mariz. Com início da campanha, Aluízio Alves
passou a fazer o referido programa na Rádio Poty diariamente, no horário
compreendido das 11:30 às 11:45 horas.
Numa noite as escondidas, assim comentou à
imprensa da época, "Aluízio Alves se deslocou para a fazenda de Theodorico
Bezerra em Santa Cruz e fez um pacto com o presidente regional do PSD a fim de
apoiá-lo para governador, desde que o vice fosse indicado pelo PSD".
Nesta mesma viagem Aluízio Alves chegou até
Currais Novos e surpreendeu a todos, quando se hospedou na residência do então
deputado estadual Radir Pereira do PTB e solicitou o seu apoio para a sua
candidatura ao Governo do Estado.
Aluízio Alves começou a empolgar os eleitores
e ao mesmo tempo começou a anunciar-se como um salvador da pátria, se dizendo
candidato das esperanças e o único capaz de se preocupar com os pobres.
O mesmo colocou o verde como símbolo da sua
campanha e com músicas que falavam das esperanças dos norte-rio-grandenses.
Aluízio Alves iniciou a sua nova tática de fazer amizades com os seus inimigos
políticos e com esto, ganhando as simpatias dos norte-rio-grandenses que já
proclamavam como o redentos dos potiguares.
Com esta tática Aluízio Alves recebeu as
adesões do então vice-governador José Varela, do PST, do presidente do Partido
de Representação Popular dr. Clovis Travassos Sarinho, além das lideranças de
Taipú, Nova Cruz, Apodi e Luiz Gomes.
O PSD indicava como companheiro de Aluízio
Alves, Monsenhor Walfredo Gurgel, que com Aluízio Alves, caiu no gosto do povo.
Enquanto a popularidade de Aluízio Alves
crescia, caia o índice de popularidade do então governador Dinarte de Medeiros
Mariz e consequentemente do candidato oficial pela UDN, Djalma Aranha Marinho.
Os partidos que apoiavam Aluízio Alves
receberam o nome de "Cruzada da Esperança". Denominação que logo
pegou, enquanto que em Natal nas residências dos aluízistas passaram a ter uma
bandeira verde, que simbolizava os votos existentes naquela unidade
residencial.
A medida em que a política se desenvolvia era
criado em todo o Estado um clima de guerra, onde a desavença passou a existir
na hora em que as pessoas decidiam em quem ia votar. Neste período muitos
namoros chegavam ao fim, sociedades eram desfeitas, pais passaram a brigar com
os filhos e foram registradas grandes brigas entre os familiares.
O radicalismo em Natal era grande, e uma
cidade que na época tinha apenas 50 mil eleitores e uma população pouco
superior aos 120 mil habitantes.
Vale salientar que naquela época muitas
residências foram pintadas pela cor verde, muitas pessoas do sexo masculino
usavam camisas de cor verde, enquanto as moças e as jovens usavam saias ou
blusas verde.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral
foram os seguintes os resultados para governador: Aluízio Alves venceu em todo
o Estado com uma maioria de 24 mil 378 votos sobre Djalma Aranha Marinho,
Monsenhor Walfredo Gurgel venceu com uma maioria de 23 mil 645 sobre Vingt
Rosado. Para Prefeito: Djalma Maranhão venceu sobre Luis de Barros com uma
maioria de 10 mil 649 votos. Para vice-prefeito tivemos os seguintes
resultados: Luiz Gonzaga (eleito), com 13 mil 936, Antonio Felix 6 mil 103,
Rubens Massud 6 mil 130, Wellington Xavier 3 mil 713 e Severino Galvão com 2
mil 821.
<<<<<>>>>>
2 comentários:
Sem dúvidas, a mais revolucionária eleição da história política do RN!
Sem dúvidas, a mais revolucionária eleição da história política do RN!
Postar um comentário