Acabar com a reeleição em todos os níveis, de prefeito a governador e
a presidente da República, parece uma aspiração nacional. Menos para os
que se encontram no exercício do primeiro mandato, exceção de João
Dória Júnior, que antes mesmo de assumir, já afastou a hipótese.
No México, nos idos do presidente Lázaro Cárdenas, chegaram a aprovar
o princípio de “no reeleciones” até para o Congresso. Entre nós, não
pegou nem pegará essa profilática medida, mas não deixa de ser tentador,
apesar do risco aberto em favor dos corruptos, que tentariam amealhar
num único mandato o dinheiro que levariam para enriquecer em longas
carreiras de deputado ou senador.
Proibidas as reeleições para os segundos períodos imediatamente
depois dos primeiros, como parece que virá com a reforma política,
abre-se um terreno pantanoso. A maioria dos partidários do mandato
único, pretendendo levar vantagem em tudo, já sustenta para os cargos
executivos e legislativos cômodas prorrogações. Em vez de quatro anos
para deputado, prefeito, governador e presidente, por que não cinco? Ou
seis? E para os senadores, que tal dez e não oito?
Além de haver a descoincidência de eleições, uma festa para quem gosta de juntar recursos fajutos.
O regime militar inovou. Castello Branco foi eleito para permanecer
dois anos, prorrogou seu mandato por mais um. Costa e Silva era para
ficar quatro anos, ficou dois e meio por conta da doença. Garrastazu
Médici governou por quatro, três meses e dezessete dias. Ernesto Geisel
por cinco anos. João Figueiredo por seis.
José Sarney preparou-se para seis, a Assembleia Constituinte
roubou-lhe um. Fernando Collor foi cassado depois de dois e meio, Itamar
Franco completou os quatro mas Fernando Henrique criou o segundo
mandato, permanecendo oito através de monumental garfada na memória
nacional. Lula idem, ainda que Dilma cumprisse o primeiro e só um ano do
segundo. Michel Temer a gente não sabe, o país continua uma caixinha de
surpresas. É preciso tomar cuidado.
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