- PREDILEÇÕES -
NÃO VOU DEIXAR MEU SERTÃO
PRA IR SER BESTA NA RUA
Poeta Heliodoro Morais
Não vou morar na cidade
Só posso viver no campo
Vendo a luz do pirilampo
E o voo da liberdade
Perto da felicidade
Longe do que me destrua
Enquanto a alma flutua
Na veia do coração
Não vou deixar meu sertão
Pra ir ser besta na rua.
- - - x - - -
É lá que tem alegria
Respeito e cumplicidade
Tem tanta tranquilidade
Que chega dá agonia
Amizade e parceria
E tudo que contribua
Pra que a paz evolua
Em nome da união
Não vou deixar meu sertão
Pra ir ser besta na rua.
- - - x - - -
No sertão é diferente
Lá fora nada é igual
Por ser tão especial
Faz bem a alma da gente
Faz com que se usufrua
Do que a gente cultua
Com muita admiração
Não vou deixar meu sertão
Pra ir ser besta na rua.
- - - x - - -
Tem tambor de criar peba
Vira-lata caçador
Tem canário cantador
Creolina pra pereba
Querosene pra ameba
Forró em noite de lua
Guiné, galinha e perua
Tem bode e porco barrão
Não vou deixar meu sertão
Pra ir ser besta na rua.
- - - x - - -
Tem carrapicho e urtiga
Espinho furando o pé
Pilão de pilar café
Rinha de galo de briga
Bruguelo 'chei' de lombriga
Neblina na serra nua
Varejeira em carne crua
E labareda em fogão
Não vou deixar meu sertão
Pra ir ser besta na rua.
- - - x - - -
Vaca de bezerro novo
E cacimbão no riacho
Bananeira dando cacho
Rolinha botando ovo
Tem fé na reza do povo
Quando um milagre insinua
E nego descendo a pua
Na panela de feijão
Não vou deixar meu sertão
Pra ir ser besta na rua.
- - - x - - -
Tem leite cru no curral
Coalhada embaixo do pote
Tem bode dando pinote
Lajedo, sendo varal
Cerca de pedra e pau
O sol na pele, que sua,
E um cabra que não recua
Na limpa do algodão
Não vou deixar meu sertão
Pra ir ser besta na rua.
- - - x - - -
Lá tem o cheiro do mato
A flor do mandacaru
Tem catinga de timbu
Jurema e unha-de-gato
Tem o ruim, que é ruim de fato
Mas é o bem que atua
Lá não se vê falcatrua
E nem matuto ladrão
Não vou deixar meu sertão
Pra ir ser besta na rua.
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