RIO GRANDE DO NORTE
- Senador JOÃO
CÂMARA –
Pesquisa: Bira
Viegas
Filho de Vicente Rodrigues da Câmara e Maria Rodrigues
da Câmara, “Vanvão” (como era chamado carinhosamente no seio da
sua família) teve como irmãos; Antonio (Tonho),
Alexandre (Xandu) e Jerônimo (Loló).
Casou na Matriz da vila de Taipu (RN), na data de dezoito de junho de mil novecentos e quinze com a
senhora Maria Rodrigues da Câmara. Seus padrinhos foram Pedro Guedes de Paiva e
Boaventura Dias Sá (Bôa). O casal
teve vinte filhos. Sobreviveram; Edson, Wilson, Elza, Terezinha e João,
sobreviveram,
Filho de família humilde e com pouca escolaridade, aos
quinze anos João Câmara é encaminhado por seu genitor para trabalhar como
balconista da loja do seu padrinho de Crisma, o senhor João Gomes da Costa, no
povoado Pitombeira. Neste emprego permanece por dois anos.
Aos dezessete anos aceita o convite de um seu cunhado,
de nome Benedito Virgílio Benfica, e se transfere para o município de Açu, se
tornando servidor público, na Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (atual DNOCS).
No início do ano de 1914, as verbas destinadas à
Inspetoria diminuem e João Câmara fica desempregado. Retorna para Taipu,
conduzindo nos bolsos a quantia de duzentos mil réis obtidos com o fruto do seu
trabalho desde que ‘partiu no mundo para
tentar a sorte’. Trazia também um plano que ele mesmo sabia não ser fácil –
mas não impossível – de por em prática.
Sabedor que seu pai não teria condições financeiras de
ajuda-lo procura seu padrinho, que lhe consegue mais Duzentos Mil Réis. Segue
então na companhia do seu padrinho até o município de Ceará-Mirim (RN), até o empório do rico comerciante
Boaventura Dias de Sá (Bôa), onde
consegue adquirir Setecentos e Quatorze Mil e Cento e Sessenta Réis de
mercadorias para o negócio planejado: uma mercearia a ser instalada juntamente
com o seu irmão Jerônimo, no povoado de Baixa Verde. Dá de entrada a
quantia de Trezentos Mil Reais.
Em 1915 conhece o Técnico do Ministério do Trabalho de
nome Fernando Gomes Pedroza, um estudioso sobre o plantio de algodão. João
Câmara se interessa vivamente pelo assunto e passa a comercializar o produto.
Como o negócio prosperava arrendou uma propriedade e passou a cultivar o “ouro branco”. Pouco tempo depois deixa
de vender o algodão em caroço e arrenda um “locomóvel”.
Passa ele mesmo a realizar o beneficiamento do algodão.
Em 1917, juntamente com o irmão (Loló), cria a firma: João Câmara & Irmão.
Era o início de um verdadeiro império econômico.
No ano de 1922 com a entrada de outro irmão (Xandú), a empresa ganha nova
denominação: João Câmara & Irmãos.
Inicia o ano de 1924 modernizando a empresa. João
Câmara expande seus negócios. Adquire várias fazendas onde planta algodão e
cria gado.
Chega o ano de 1934 e João Câmara & Irmãos obtém o
primeiro lugar em exportação de algodão no estado do Rio grande do Norte.
Nos anos seguintes moderniza suas empresas, compra
outras (entre às quais a Sociedade
Algodoeira do Nordeste Brasileiro – SANBRA) e instala novas unidades.
Em 1939, João Câmara & Irmãos fornece às Indústrias
Reunidas Matarazzo - de propriedade do homem mais rico do Brasil, o Conde
Francisco Matarazzo – todo o algodão necessário para as fábricas do grupo
paulista.
Tudo caminhava bem. João Câmara já era considerado
como o homem mais rico do Rio Grande do Norte.
Entretanto, um fato acontecido no ano de 1940 cria
para João Câmara uma situação de insolvência. Um inverno rigoroso acaba com as
safras de algodão no estado potiguar.
Mesmo com seu patrimônio físico, bens imobiliários e
valores materiais devidamente equilibrados, faltou o chamado “capital de giro”, forçando ao grande
empreendedor fechar suas usinas, uma após outra.
Mas João Câmara não era homem de se entregar facilmente.
Foi à luta e devidamente assessorado por advogados, contadores e amigos da sua
inteira confiança, solicitou – e conseguiu – uma concordata com prazo de
pagamento em quatro anos.
Trabalho, trabalho e trabalho. E as dificuldades sendo vencida aos poucos. Até a "volta por cima".
O ano é 1945. João Câmara volta a ser grande. Já é o quarto lugar em volume e valor de exportações. No ano seguinte já é
o primeiro. Suas dívidas estavam quitadas e o empresário comemorava a recuperação do seu império. Estava rico novamente.
Paralelo às atividades empresariais João Câmara
trilhou os caminhos da política partidária. Foi fundador e presidente do
Partido Social Democrático (PSD),
Intendente de Taipu, Prefeito de Baixa Verde (hoje, município de João Câmara), Deputado Estadual e Senador da
República. E se não tivesse falecido tão prematuramente, certamente teria sido
eleito Governador do Rio Grande do Norte.
Fumante inveterado e obcecado pelo trabalho dormia
tarde e acordava cedo. O que pode ter sido causa - ou agravamento - de uma doença
que se manifestou mais gravemente no início do ano de 1947: diabetes.
No dia 12 de dezembro de 1948, aproximadamente
06h30min na sua belíssima residência localizada na avenida Hermes da Fonseca (hoje, sede do Comando Naval), em Natal,
falecia João Severiano da Câmara.
Tinha apenas cinquenta e três anos de idade.
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